Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Rio de Janeiro avançou nos preparativos, mas entrou no período mais intenso e precisa acelerar o ritmo das obras que estão com o cronograma apertado para a realização de eventos-teste antes da Olimpíada, afirmou nesta quarta-feira a comissão de coordenação do Comitê Olímpico Internacional (COI) em visita à cidade.
As instalações esportivas das competições de golfe, ciclismo e hipismo cross-country foram apontadas como problemas para os organizadores dos Jogos pela comissão, que também registrou a necessidade de se realizar bastante trabalho nas áreas de transportes e acomodação -- duas das maiores preocupações para a realização do evento.
"Ficamos satisfeitos com o progresso feito nas arenas, visitamos Barra e Deodoro para testemunhar todo progresso que foi feito… mas o Rio está entrando no período mais intenso da preparação, um período em que o Rio precisa ter um novo nível de detalhamento nos preparativos dos eventos-teste", disse Nawal El Moutawakel, presidente da comissão, em entrevista coletiva.
"Essa intensidade será totalmente vista em locais como as instalações do golfe, o velódromo e do hipismo cross-country, que têm um cronograma muito agressivo para estarem prontos a tempo para os eventos-teste", acrescentou a dirigente, na 8a visita da comissão à cidade, a pouco menos de um ano e meio da realização dos Jogos.
De acordo com o calendário oficial de eventos-teste, as competições preparatórias de golfe e hipismo estão previstas para ocorrer ainda este ano, em agosto e novembro, respectivamente. A prova de teste do ciclismo de pista está agendada para março de 2016.
O campo olímpico de golfe foi alvo de uma polêmica no ano passado depois que o Ministério Público questionou a realização de parte da obra em uma área de preservação ambiental, o que foi rejeitado pela Justiça, enquanto o velódromo, localizado no Parque Olímpico, sofreu atrasos nas obras de fundação.
Já a arena de hipismo fica localizada no Complexo de Deodoro, a última das grandes instalações olímpicas a sair do papel, cujas obras só foram iniciadas no segundo semestre de 2014, com mais de um ano de atraso.
Além dos cronogramas apertados nessas instalações esportivas, o COI ressaltou que as obras que precisam de maior atenção são os projetos de transporte e as construções de hotéis.
Quando se candidatou aos Jogos, o Rio tinha 18 mil quartos de hotel e precisava chegar a 40 mil para o evento. De acordo com o comitê organizador Rio 2016, a cidade já tem 36 mil quartos e o restante será construído a tempo antes da Olimpíada.
A construção da Linha 4 do metrô, a mais importante para os Jogos Olímpicos por ligar a Barra da Tijuca, onde fica o Parque Olímpico, ao restante da cidade, sofreu problemas na perfuração que representaram atrasos nas obras.
"Muito trabalho precisa ser concluído este ano para que a experiência dos Jogos seja de mais alto nível para os atletas e espectadores", disse Nawal.
BAÍA DE GUANABARA
Sobre a poluição da Baía de Guanabara, problema que tem acompanhado a preparação da cidade para os Jogos desde que o governo do Estado disse no início do ano que não cumpriria a meta de despoluição, o COI afirmou ter recebido garantias das autoridades de que continuarão a buscar o objetivo de tratar 80 por cento do esgoto lançado na baía.
"Eles reafirmaram os 80 por cento", disse o diretor de Jogos Olímpicos do COI, Christophe Dubi, na entrevista, sobre as reuniões com as autoridades fluminenses.
Apesar da promessa feita ao COI, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, já disse que não ficará "frustrado" se a meta de despoluição da baía não for atingida.
A limpeza da Baía de Guanabara, antiga promessa de vários governos do Rio de Janeiro, foi parte fundamental da candidatura da cidade para receber o direito de organizar os Jogos Olímpicos.
No entanto, velejadores que treinam no local reclamam constantemente da poluição e da sujeira na água.