Por Anthony Deutsch e Guy Faulconbridge
LONDRES/HAIA (Reuters) - O Reino Unido e a Holanda acusaram a Rússia de realizar uma campanha global de ataques cibernéticos para minar democracias ocidentais, incluindo um tentativa frustrada de invadir os sistemas da agência de armas químicas da ONU no momento em que a organização analisava um veneno russo usado para atacar um espião.
Moscou negou o que a porta-voz de seu Ministério de Relações Exteriores classificou como "um coquetel de perfume diabólico" de alegações de alguém com "imaginação rica".
No entanto, as acusações aprofundarão o isolamento da Rússia em um momento no qual seus laços diplomáticos com o Ocidente se esgarçaram devido ao envenenamento de um ex-espião russo na Inglaterra, e em que o país está sob sanções dos Estados Unidos e da Europa devido a ações na Ucrânia.
Autoridades holandesas disseram ter impedido uma tentativa de invasão cibernética da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), sediada em Haia. À época da tentativa de ataque a agência da ONU investigava o veneno usado para atacar um ex-espião russo no Reino Unido e armas químicas que o Ocidente diz terem sido usadas na Síria pelo presidente Bashar al-Assad, aliado da Rússia.
A ministra holandesa da Defesa, Ank Bijleveld, pediu à Rússia que encerre suas atividades cibernéticas que visam "minar" democracias ocidentais.
De acordo com uma apresentação do líder da agência de inteligência militar holandesa, quatro russos chegaram à Holanda em 10 de abril e foram flagrados com equipamento de espionagem em um hotel localizado perto da sede da Opaq.
Os quatro russos foram detidos em 13 de abril e expulsos para a Rússia, disse o general holandês Onno Eichelsheim. Eles haviam planejado viajar a um laboratório em Spiez, na Suíça, usado pela Opaq para analisar amostras, disse.
A inteligência militar russa "está ativa aqui na Holanda... onde muitas organizações internacionais estão (sediadas)", disse Eichelsheim.
Mais cedo nesta quinta-feira, o Reino Unido divulgou uma avaliação baseada no trabalho de seu Centro Nacional de Segurança Cibernética (NCSC) que rotulou a agência de inteligência militar russa GRU como uma agressora cibernética que usou uma rede de hackers para semear a discórdia em todo o mundo.
A GRU quase certamente esteve por trás dos ataques BadRabbit e à Agência Mundial Antidoping em 2017, à invasão do Comitê Nacional Democrata dos EUA em 2016 e do roubo de emails de uma rede de televisão sediada no Reino Unido em 2015, de acordo com o Reino Unido.
"As ações da GRU são irresponsáveis e indiscriminadas: ele tentam minar e interferir em eleições em outros países", disse o chanceler britânico, Jeremy Hunt.
(Reportagem adicional de Colin Packham, Stephanie van den Berg, Toby Sterling)