RIO DE JANEIRO (Reuters) - A empresa de cosméticos Natura teve queda de 23 por cento do lucro líquido do quarto trimestre sobre um ano antes, com a continuidade do fraco ímpeto de vendas no Brasil, seu principal mercado.
Entre outubro e dezembro, o lucro líquido da companhia somou 225,2 milhões de reais, abaixo dos 296,2 milhões de reais esperados por analistas em pesquisa da Reuters.
Na mesma base de comparação, a receita líquida da empresa subiu 0,8 por cento, a 2,18 bilhões de reais, puxada principalmente pelo avanço de 21,6 por cento do faturamento das operações no exterior.
No Brasil, as vendas líquidas tiveram queda de 3,5 por cento no período, a 1,73 bilhão de reais, mostrando a persistência do ritmo modesto do trimestre anterior, quando a alta foi de 2,7 por cento.
A empresa disse, em comentário sobre o desempenho, que os resultados ficaram abaixo de suas expectativas e capacidades, anunciando uma redução de 24 por cento de seus investimentos em 2015, para 385 milhões de reais.
"Diante desse contexto, nossa prioridade é retomada do crescimento no Brasil e continuidade do crescimento das operações internacionais", disse o vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Roberto Pedote, em teleconferência com jornalistas.
Quando se exclui os efeitos temporários de marcação a mercado de derivativos atrelados à dívida em moeda estrangeira, a queda do lucro líquido consolidado foi de 8,7 por cento na comparação com o mesmo período de 2013.
A base de consultoras da Natura teve expansão de 3,2 por cento no país, com a produtividade caindo 6,2 por cento no trimestre.
O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) teve baixa de 8,8 por cento na comparação anual, a 491,4 milhões de reais. Analistas estimavam Ebitda de 563,9 milhões de reais para o período.
A margem Ebitda passou a 22,5 por cento, ante 24,9 por cento um ano antes.
De acordo com o vice-presidente da Natura, a empresa promoverá no fim de fevereiro aumento de 3,7 por cento dos preços, e decidirá em dois meses sobre um novo aumento.
"No momento, estamos avaliando a necessidade de um segundo aumento mais para meados do ano", disse, citando as pressões de custos e valorização do dólar, além de mudanças na incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI).
No início desta semana, a empresa de bens de consumo e remédios Hypermarcas também anunciou que fará o repasse integral ao consumidor do IPI que passará a ser cobrado sobre atacadistas do setor de cosméticos.
No mês passado, o governo anunciou que iria equiparar o IPI incidente sobre o atacadista ao cobrado do produtor industrial do setor de cosméticos, buscando, com isso, alcançar a taxação sobre a distribuição dos produtos. A mudança vale a partir de maio.
"Essa mudança é mau sinal, na nossa opinião, é caminho ruim que impacta todas as empresas" do setor de cosméticos, declarou o executivo, salientando que o aumento de preços deve afetar a negativamente a demanda.
O Conselho de Administração da Natura aprovou nesta quarta-feira proposta para pagamento de 429 milhões de reais em dividendos e 20,3 milhões de reais em juros sobre capital próprio, a serem pagos em 17 de abril.
(Por Luciana Bruno e Marcela Ayres)