O Santander Brasil (BVMF:SANB11) registrou lucro líquido gerencial (que desconsidera o ágio de aquisições) de R$ 2,309 bilhões no segundo trimestre deste ano - queda de 43,5% em relação a igual período do ano passado. No ano, o lucro caiu 45%, para R$ 4,5 bilhões.
O banco voltou a crescer na margem financeira e reduziu o ritmo de expansão das provisões contra a inadimplência. Por outro lado, observou um crescimento maior das despesas, tanto gerais quanto de pessoal, o que reduziu os resultados.
Embora continue fechando agências, o Santander contratou mais de 3 mil funcionários no último ano, enquanto a indústria financeira, no geral, demitiu. Parte desses novos funcionários reforçou o atendimento ao agronegócio, à alta renda e aos clientes em investimentos, segmentos em que o banco quer crescer e aparecer.
Questionado por analistas sobre essa expansão, o CEO do Santander Brasil, Mario Leão, disse que o banco busca compensar aumentos de despesa em alguns segmentos com redução em outros, mas que, no geral, há um limite na redução da estrutura quando a palavra de ordem é crescer. "Por mais que eu consiga crescer no digital, eu preciso do atendimento humano para atender o Select", disse ele.
Leão afirmou que o banco mantém a meta de chegar a 1 milhão de clientes nesse segmento de alta renda até o final do ano. No segundo trimestre, a base cresceu 42% em termos anuais, para 900 mil clientes. "Os clientes Select são três vezes mais vinculados (que usam seis ou mais produtos do banco) que os clientes pessoa física do varejo, e a receita é três vezes mais elevada também."
A carteira de crédito da empresa somou R$ 617,2 bilhões em operações de crédito no final do segundo trimestre deste ano. O volume é 10,6% maior que o do mesmo período de 2022. O portfólio de pessoa física, que é o de maior importância na operação do Santander no País, teve crescimento de 6,5% em um ano e de 0,2% em três meses, para R$ 229,104 bilhões.
Empresas
Entre as empresas, houve alta de 6,6% no crédito às pequenas e médias no espaço de um ano, para R$ 62,955 bilhões. O crédito para grandes empresas, por sua vez, aumentou 9,7%, para R$ 139,725 bilhões. A carteira total de pessoa jurídica somava R$ 202,680 bilhões no final de junho, alta de 8,7% em um ano. A inadimplência no segundo trimestre, medida por atrasos acima de 90 dias, atingiu 3,3% da carteira de crédito.
A margem financeira bruta do banco, que reflete os ganhos com operações que rendem juros, foi de R$ 13,579 bilhões, alta de 6,3% em um ano. O desempenho foi puxado pela margem com mercado, que apresenta o resultado da tesouraria do banco. Houve nova perda, de R$ 843 milhões, mas o número foi 44% melhor que o observado um ano antes, e 28% mais forte que o do trimestre anterior.
"Esperamos que essa tendência positiva que a gente mostra de novo persista e se repita nos próximos trimestres", disse Leão. Segundo ele, a tendência observada nas margens do banco no segundo trimestre deve se repetir nos próximos. Os números do Santander cresceram diante da melhoria da tesouraria, que, contudo, segue em campo negativo.
A margem com clientes do Santander tem crescido de modo mais lento diante do menor apetite a risco do banco, que tem preferido originar empréstimos garantidos, que também são menos rentáveis. Em um exemplo, no trimestre, o crescimento da carteira em pessoas físicas foi puxado pelo consignado. "Nossa prioridade estratégica segue sendo maximizar rentabilidade da base de clientes", disse o executivo. Ele afirma que os indicadores mostram os efeitos positivos do freio que o Santander aplicou ao crédito no início do ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.