Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - O Magazine Luiza (SA:MGLU3) retomou estratégia de expansão por meio de aquisições, mirando sobre uma variedade de categorias de produtos incluindo a de supermercados, que no último trimestre foi responsável por crescimento acelerado de rivais que viram nas medidas de isolamento social oportunidade para avançarem sobre um segmento ainda dominado pelo varejo físico.
Mas o apetite da empresa não apenas envolve categorias de produtos, como "qualquer empresa", disse nesta terça-feira o presidente-executivo do Magazine Luiza, Frederico Trajano, a analistas do setor de varejo.
"É muito amplo o espectro (de alvos de aquisição) quando se tem visão tão abrangente quanto a nossa. Não é qualquer peça que se encaixa no quebra-cabeças, mas podemos comprar todo tipo de empresa. Não se surpreendam", disse Trajano.
O executivo citou exemplos de rivais como a Amazon.com (NASDAQ:AMZN), que fez aquisições de empresas em áreas que incluem robótica e rede de mercearias. "Em toda a crise tem uma seleção natural....É oportunidade para quem tem operação redonda", afirmou Trajano.
Na véspera, o Magazine Luiza divulgou que suas vendas totais de abril a junho somaram 8,6 bilhões de reais, um aumento de 49% ante mesmo período de 2019, superando a rival Via Varejo (SA:VVAR3), com 7,26 bilhões de reais no trimestre.
As ações do Magazine Luiza disparavam 7,4%, entre as principais altas do Ibovespa às 15h.
"Apenas no mês de julho, a companhia atingiu um aumento de 10% das vendas em lojas físicas combinado com um crescimento de 162% das vendas online, sinalizando as mudanças observadas no comportamento do consumidor no segundo trimestre serão permanentes e deverão favorecer o crescimento das companhias bem posicionadas no canal online, o que é o caso de Magazine Luiza", afirmaram analistas do BB Investimentos. Eles lembraram que a companhia entrou na crise disparada pela Covid-19 com o canal físico representando cerca de 55% de suas vendas totais.
Sobre isso, Trajano afirmou que a rede segue apostando na estratégia de dar a suas lojas físicas também o papel de serem mini centrais de distribuição de produtos e que a companhia vai retomar a abertura de pontos físicos no país neste semestre.
Segundo ele, parte do forte movimento de vendas do segundo trimestre foi impulsionado pelas medidas do governo de amparo à população que incluíram o auxílio emergencial de 600 reais. O executivo defendeu a manutenção da medida, afirmando que tem colaborado para fazer girar a economia e que se a ajuda for retirada bruscamente "as vendas do varejo físico no quarto trimestre ficarão mais incertas".
Questionado sobre impactos da crise na divisão de financiamentos LuizaCred, tocada em parceria com o Itaú Unibanco, o diretor financeiro do Magazine Luiza, Roberto Rodrigues, afirmou que a inadimplência "está totalmente sob controle".
"Conseguimos em junho voltar ao recebimento igual do ano passado e julho está melhor que antes da pandemia", disse o executivo.