Por Marcelo Rochabrun e Allison Lampert e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO (Reuters) - Quatro executivos seniores estão deixando a Embraer (SA:EMBR3), além do chefe da unidade de aviação comercial, após o fracasso no acordo com a Boeing, enquanto o novo presidente-executivo reavalia o rumo da empresa, disseram três fontes.
Os executivos incluem Nelson Salgado, atual vice-presidente de operações, que anteriormente ocupou o cargo de vice-presidente financeiro e trabalha na Embraer há mais de 30 anos.
Antonio Campello, que comandou o braço de inovação da empresa conhecido como EmbraerX, cujo projeto mais conhecido é um veículo de decolagem e pouso vertical sendo desenvolvido em cooperação com a Uber (NYSE:UBER), também está partindo. O desenvolvimento da aeronave é pessoalmente apoiado pelo presidente-executivo da Embraer, Francisco Gomes Neto, que o considera um projeto de risco alto, mas com alto retorno.
A Embraer nomeou Gomes Neto, um executivo de fora da companhia, como presidente-executivo no ano passado, quando a venda da unidade de aviação comercial à Boeing por 4,2 bilhões de dólares parecia certa, assim como os planos de focar seus negócios nas divisões menores de jatos executivos e de defesa.
Gomes Neto teve que se esforçar para encontrar uma alternativa para a empresa quando a Boeing desistiu do acordo com a Embraer em abril. Duas fontes disseram que as saídas de executivos foram parte do esforço do presidente para traçar um futuro sem a Boeing. O executivo também reduziu o investimento para níveis mínimos devido à crise do coronavírus.
A Embraer disse na segunda-feira que John Slattery, que era um dos rostos mais visíveis da empresa e chefiava a unidade de aviação comercial, está deixando a empresa para comandar a GE Aviation.
Slattery era um defensor do acordo Boeing-Embraer e estava pronto para se tornar um executivo sênior da Boeing, que comandaria a parceria com a Embraer.
Outros dois executivos que deveriam ingressar na Boeing após a conclusão do negócio, Helio Bambini e Mauro Kern, respectivamente vice-presidentes de operações e de engenharia, também devem deixar a Embraer, disseram as três fontes.
A Embraer confirmou em comunicado que estava realizando "mudanças organizacionais", incluindo a consolidação de vice-presidências em mudanças de engenharia, de estratégia e de liderança nas operações e na EmbraerX, sem especificar nomes.
A empresa disse que as mudanças de executivos irão valer a partir do final de junho e não afetarão um acordo para um empréstimo de 600 milhões de dólares, em parte apoiado pelo BNDES, que requer que a fabricante não corte seus níveis de força de trabalho. O contrato de empréstimo foi anunciado na segunda-feira.
"Estou convencido de que temos muitas oportunidades para tornar a Embraer uma organização mais ágil, além de mais simples e competitiva, tornando-a mais eficiente em todas as áreas", disse Gomes Neto em comunicado.