Investing.com - A Administração do Espaço Cibernético da China (CAC, na sigla em inglês) anunciou no domingo que os produtos da Micron não passaram em sua análise de segurança de rede.
Como isso, o órgão regulador revelou que tomará medidas para proibir que operadores de infraestruturas importantes do país utilizem os produtos da companhia. Isso significa que a Micron (NASDAQ:MU) perderá acesso a setores como telecomunicações, finanças e transporte, uma vez que a definição de "infraestrutura crítica" na China é ampla.
A CAC diz ter identificado “graves riscos de segurança de rede” nos produtos da Micron, os quais podem gerar ameaças significativas à cadeia de suprimentos de informações críticas da China, capazes de debilitar a “segurança nacional do país”.
Na semana passada, a Micron anunciou que começaria a fabricar sua próxima geração de chips no Japão. Segundo a Bloomberg News, a empresa receberá aproximadamente US$ 1,5 bilhão em incentivos financeiros do governo japonês.
De acordo com o Bernstein, cerca de 11% das vendas da Micron em 2022 foram geradas na China. Considerando Hong Kong, aproximadamente 16% da receita total da Micron é proveniente dessa região, considerando outras projeções.
Os analistas do Bernstein estimam que o impacto dessa proibição deve ser de “um dígito baixo” no curto prazo.
A proibição se aplica somente aos "operadores domésticos de infraestrutura de informações críticas"; outros clientes, “especialmente aqueles que vendem produtos civis para outros países”, não têm a obrigação legal de segui-la, mencionaram em uma nota aos clientes.
Em tom mais positivo, os estrategistas do banco também argumentam que a Micron pode se beneficiar da tendência de “desacoplamento”.
Assim como clientes chineses sensíveis deixam de comprar da Micron, clientes não chineses sensíveis podem preferir chips produzidos fora da China. Enquanto a Samsung (KS:005930) e a SK Hynix (KS:000660) possuem fábricas na China, a Micron não tem nenhuma e, com isso, pode ganhar mais destaque junto a esses clientes.
Os analistas do Citi afirmam que a decisão "afetará temporariamente a Micron, mas não prejudicará a recuperação do mercado de DRAM”. A decisão da CAC era esperada devido aos esforços dos EUA, no sentido de combater a espionagem industrial da China, o que levou o país asiático a retaliar.
Eles também afirmam que não esperam que isso tenha um impacto significativo no médio prazo, pois os fundamentos da Micron são impulsionados pelo ciclo de DRAM. Além disso, vale ressaltar que as outras duas fabricantes de DRAM, Samsung e Hynix, provavelmente continuarão focadas nos EUA, que é um de seus principais mercados.
As ações da Micron chegaram a cair cerca de 6% antes da abertura desta segunda-feira, 22, em Nova York.