Por Ernest Scheyder
A indústria de mineração enfrenta "desafios consideráveis" para atender à demanda maior do que o esperado por cobre, níquel e outros metais para veículos elétricos alimentada por uma lei climática dos Estados Unidos, disse a S&P Global em um relatório nesta terça-feira, antes do aniversário de um ano da aprovação da legislação.
A histórica Inflation Reduction Act dos EUA oferece incentivos fiscais para veículos elétricos, painéis solares e outros produtos de energia renovável feitos de metais extraídos nos Estados Unidos ou países com acordos de livre comércio com os EUA. Metais de "entidades estrangeiras preocupantes", incluindo China, Rússia, Coreia do Norte e Irã, serão banidos em 2025. Isso desencadeou uma corrida entre os fabricantes para garantir fornecimento.
As previsões de demanda para vários metais ligados a veículos elétricos amentaram de 12% a 15% desde que o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou o IRA em agosto passado, disse o relatório.
“A transição energética está realmente aumentando as pressões sobre os suprimentos minerais, e o IRA está aumentando muito esses desafios”, disse Dan Yergin, vice-presidente da S&P Global e coautor do relatório, em entrevista.
Até 2035, a demanda por lítio, níquel e cobalto deverá ser 23 vezes maior do que em 2021, com a demanda por cobre dobrando no mesmo período, segundo o estudo. Todos os metais são amplamente utilizados em veículos elétricos e outros eletrônicos.
O relatório constatou que as empresas lançaram pelo menos 400 bilhões de dólares em novos projetos por causa de incentivos vinculados ao IRA, alimentando bilhões de dólares em demanda de novos minerais.
"O IRA está funcionando como planejado, como um ímã para investimentos", disse Yergin, historiador de energia e anfitrião da conferência anual de energia CERAWeek.
No entanto, questões de licenciamento de minas estão atrapalhando os objetivos do IRA, constatou o relatório. Espera-se que apenas o lítio esteja disponível para as indústrias dos EUA em quantidades significativas devido ao aumento da oferta australiana e chilena, observou.
Os suprimentos de níquel e cobalto não devem satisfazer a demanda, segundo o relatório.
"Acelerar a reforma, garantindo ao mesmo tempo que os aspectos ambientais e comunitários continuem sendo uma parte importante, deve ser considerado", disse Mohsen Bonakdarpour, da S&P Global, que co-escreveu o relatório.
A reciclagem, segundo o relatório, provavelmente não fornecerá metais brutos suficientes nos próximos 10 anos para atender ao crescimento esperado da demanda global.
A S&P alertou no ano passado que os esforços para alcançar a neutralidade de carbono até 2050 - o objetivo central dos Acordos Climáticos de Paris frequentemente descritos como "zerar emissões líquidas" - provavelmente serão insuficientes, pois a oferta de cobre não atende à demanda.
É provável que Washington expanda as parcerias com minerais, pois depende mais das importações, segundo o relatório. Um desses acordos foi assinado com o Japão em março.
"O comércio global de minerais refletirá cada vez mais a competição entre os EUA e a China, assim como a Europa, por esses suprimentos", disse Yergin. "A oferta de minerais estará cada vez mais emaranhada com a geopolítica."
(Reportagem de Ernest Scheyder)
((Tradução Redação São Paulo))
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