Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A Minerva (SA:BEEF3) Foods, maior exportadora de carne bovina na América do Sul, registrou lucro líquido de 116,7 milhões de reais no segundo trimestre, queda de 54% ante o mesmo período do ano passado, conforme balanço divulgado nesta segunda-feira, mas vê um cenário positivo puxado por exportação e sinergia entre as operações sul-americanas.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da companhia atingiu 544,9 milhões de reais no período, recuo de 7,7% no mesmo comparativo.
O diretor financeiro da Minerva, Edison Ticle, disse que o destaque do trimestre é o lucro líquido pois, apesar da queda, trata-se de um "resultado realmente muito forte", mas que é comparado a uma base mais elevada --em 2020, a pandemia da Covid-19 elevou a demanda por alimentos em diversos setores.
"Houve queda ante o segundo tri do ano passado, mas porque (2020) foi um ponto fora da curva", afirmou a jornalistas em videoconferência.
A receita líquida da empresa atingiu 6,28 bilhões de reais no segundo trimestre, alta de 42,9% no ano a ano.
O CEO da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, disse que ainda há certas dificuldades logísticas no mercado global, com falta de contêineres e tempos mais longos para transportes de cargas, mas a demanda externa segue aquecida.
"A Ásia segue como o grande vetor comprador... e a China como o principal destaque. No segundo trimestre de 2021, cerca de 36% da nossa receita de exportação teve origem no mercado chinês", informou a empresa, mesmo diante de entraves relacionados à pandemia da Covid-19.
No setor de carne bovina, em geral, o cenário é de recuo nas vendas do Brasil para a China em volume e avanço nas receitas. Questionado sobre o posicionamento da Minerva neste contexto, Queiroz disse que tanto os volumes quanto o faturamento da empresa avançam nos mercados chinês e asiático como um todo.
O CEO ainda ressaltou que a estratégia da companhia de redirecionar a produção, para contornar fatores como a restrição e altos preços do gado no Brasil, tem papel fundamental para garantir o desempenho operacional da empresa.
"Isso é um trabalho em andamento, de olhar América do Sul como uma única região, considerando as diferentes moedas e podendo arbitrar e tomar as decisões onde se maximiza o ganho", afirmou Queiroz.
Os abates do segundo trimestre totalizaram 869 mil cabeças, avanço de 15,5% no ano a ano puxado pela subsidiária Athena --que responde pelas operações na América do Sul, exceto Brasil.
"Se pegar uma média no trimestre, os destaques (em abates) vão para Uruguai, Paraguai e Colômbia", disse ele.
No mercado brasileiro, inclusive, os abates recuaram 6% no período, para 323,6 mil cabeças de gado.
O diretor financeiro acrescentou que para lidar com o alto patamar de preços da arroba no Brasil, uma estratégia adotada na gestão de fornecedores é adquirir o animal à vista com desconto e utilizar essa margem para custear financiamentos com bancos a prazos curtos, como 60 dias.
"Eu uso esse desconto com o pecuarista pra bancar esse financiamento... isso não é exclusivo do Minerva, nas empresas de agro é muito comum, mas é uma boa alternativa", pontuou Ticle.
Vacinação
Em linha com um posicionamento adotado por diversos frigoríficos, a Minerva disse que realizou uma campanha massiva de conscientização sobre a importância da vacinação contra a Covid-19 entre os colaboradores.
"No Brasil, 95% dos colaboradores elegíveis à vacinação já tomaram a 1ª dose da vacina", afirmou.
(Por Nayara Figueiredo)