SÃO PAULO (Reuters) -O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou no início desta quinta-feira que determinou à Polícia Federal abertura de investigações sobre "organismos nazistas e/ou neonazistas" no Brasil, segundo publicação em sua conta no Twitter.
A determinação de Dino ocorreu depois do ataque a uma creche em Blumenau (SC), na quarta-feira, que matou quatro crianças e feriu ao menos outras cinco com uma machadinha, no segundo ataque com mortos a uma instituição de ensino do país em pouco mais de uma semana.
O ministro afirmou ainda nesta manhã que parte das causas para os ataques está em uma "internet desregulada e com empresas irresponsáveis", mas não citou nomes ou serviços.
"Assinei agora determinação à Polícia Federal para que instaure Inquérito Policial sobre organismos nazistas e/ou neonazistas no Brasil, já que há indícios de atuação interestadual. Há possível configuração de crimes previstos na Lei 7.716/89", afirmou Dino em sua conta na rede social.
A lei citada pelo ministro trata de crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
"O acervo de causas que leva à ampliação de tragédias está bem visível: proliferação de ódio na sociedade, inclusive por uma internet desregulada e com empresas irresponsáveis; incentivos ao armamentismo e à ideologia da morte; agrupamentos nazistas e neonazistas", disse Dino na manhã desta quinta-feira.
Na véspera, o ministro afirmou que sua pasta formou um grupo de policiais dedicado ao monitoramento da internet para identificar ameaças.
"Estou constituindo na nossa Secretaria Nacional de Segurança Pública um grupo emergencial de monitoramento daquilo que é chamado de deep web, darkweb. Porque nós estamos vendo, nesse instante, no país, uma ideia de pânico", disse Dino a jornalistas, citando ameaças em relação a outras escolas e universidades.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu um minuto de silêncio na quarta-feira em homenagem às crianças mortas em Blumenau e afirmou que o governo federal disponibilizou 150 milhões de reais do Fundo Nacional de Segurança Pública para o reforço do policiamento em escolas.
(Por Alberto Alerigi Jr.; edição de Letícia Fucuchima)