Por Marcelo Teixeira e Roberto Samora
SÃO PAULO/NOVA YORK (Reuters) - As usinas brasileiras não devem ter um início antecipado de produção de açúcar do ciclo 2022/23, apesar de uma boa quantidade de chuvas recentes, pois a cana deve levar mais tempo para se desenvolver e estar disponível para esmagamento, disse a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) nesta quarta-feira.
Segundo a entidade, o volume de cana processada no centro-sul do Brasil de janeiro a março deverá somar cerca de 4 milhões de toneladas, redução de aproximadamente 50% ante o mesmo período de 2021, afirmou o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
A safra do centro-sul vai de abril a março, mas as usinas geralmente começam a moer no primeiro trimestre, quando já há cana disponível. Mas, nesta temporada, Padua não vê isso acontecendo este ano, em geral.
"Teremos alguma moagem até março, mas o montante será bem menor do que o observado em anos anteriores", disse.
Ele afirmou que a pior seca em 90 anos no Brasil, ocorrida no ano passado, ajudou no processamento rápido pelas usinas em meio a uma quebra de safra em 2021, e não sobrou muita cana nas lavouras para ser colhida no início de 2022.
As chuvas recentes em dezembro e janeiro, em bons volumes, serão positivas para a próxima safra, informou a Unica, mas a maioria das lavouras não estará pronta para colheita antes do início oficial da safra, em abril.
"A quantidade deve ser menor, porque mesmo com as condições climáticas favoráveis nos últimos meses, a oferta de cana ainda não deve ser o suficiente para antecipar o começo da safra 22/23 (abril/março)", afirmou a Unica.
Na segunda quinzena de dezembro não houve nenhuma moagem no centro-sul, a primeira vez que a entidade registra moagem zero desde dezembro de 2007, conforme levantamento da entidade divulgado mais cedo.