Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A administradora de shopping centers Multiplan (SA:MULT3) vê oportunidade de expandir os empreendimentos existentes, mas não deve buscar um ritmo acelerado, disse nesta quinta-feira o diretor vice-presidente financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Armando d'Almeida Neto.
"Nossa estratégia está em desenvolver, expandir o que já temos, mas estamos sempre olhando (oportunidades de aquisição) e olhamos muito", afirmou o executivo durante encontro com analistas e investidores, em São Paulo.
Questionado sobre o potencial de crescimento inorgânico, ele disse que os esforços da empresa estão focados em ativos de qualidade, mesmo que mais caros. "Comprar barato, na prática, às vezes é um desastre porque demanda muito esforço de gestão (para recuperar o ativo)", comentou Neto.
Desde que abriu o capital, em 2007, a Multiplan investiu cerca de 7 bilhões de reais, entre expansões e novos projetos. Atualmente, a companhia conta com 19 empreendimentos em seu portfólio.
O mais recente deles é o ParkShopping Canoas, no Rio Grande do Sul, entregue em 23 de novembro do ano passado com uma taxa de ocupação de 93 por cento. "Lançamos na crise e entregamos na crise", observou o executivo, ressaltando que a Multiplan não se deixou intimidar pelas turbulências na economia.
A empresa também já iniciou as obras do ParkJacarepaguá, no Rio de Janeiro, que terá 39 mil metros quadrados de Área Bruta Locável, com 254 lojas.
Quanto à ambição de internacionalização das operações, já mencionada pelo presidente-executivo da Multiplan, José Isaac Peres, durante teleconferência de resultados, Neto disse ser "um caminho desejável", embora o natural seja continuar investindo no Brasil.
"Vamos ser ousados, mas sempre respeitando a demanda do mercado", acrescentou o executivo.
Por volta das 12:35 (horário de Brasília), as ações da Multiplan (SA:MULT3) cediam 1,5 por cento, cotadas a 56,06 reais, enquanto o Ibovespa (BVSP) caía 0,91 por cento. Em 2018, os papéis da companhia acumulam baixa de mais de 20 por cento.
SEGUNDO TRIMESTRE
De acordo com o diretor vice-presidente Financeiro e de RI da Multiplan, o ambiente de negócios no segundo trimestre deste ano foi mais difícil para os lojistas em comparação com igual período de 2017, quando o setor foi beneficiado pelos saques de contas inativas do FGTS.
Mas Neto evitou falar em retração de vendas ou receitas entre abril e junho. "A base de comparação é forte... Crescer nesse ambiente é um luxo", disse ao ser perguntado sobre a possibilidade de receitas e vendas mais fracas entre abril e junho.
Na segunda-feira, a Reuters noticiou que uma combinação de eventos que inclui a greve dos caminhoneiros, em maio, e a Copa do Mundo de futebol, em junho, afetaram o fluxo de visitantes em shoppings do Brasil no segundo trimestre, somando-se ao ritmo mais lento que o esperado da recuperação econômica. [nL1N1TV1WN]