Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - O Conselho de Administração da Natura (BVMF:NTCO3) se reúne nesta quinta-feira, 15, para definir um plano de reestruturação da companhia, que pode levar a uma fusão das marcas Natura e Avon, segundo o site Reset. Entre as mudanças que esse processo pode causar também estaria a cisão das marcas Aesop e da The Body Shop em duas empresas separadas.
A notícia parece agradar ao mercado, uma vez que as ações da Natura estão entre as principais altas do Ibovespa nesta tarde. Às 13h57, os papéis subiam 2,61%, a R$ 16,88. No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,65%, a 109.824 pontos.
A XP (BVMF:XPBR31) considera que as ações da Natura refletem um cenário conservador atualmente, sendo negociadas com um desconto de 33% para seus pares globais, excluindo todas as outras unidades de negócio, a 10x EV/Ebitda 2023e.
As eventuais mudanças que podem surgir com a reestruturação da companhia também devem servir como gatilhos para os preços, segundo a XP, que traçou possíveis cenários a respeito das decisões que o Conselho de Administração da Natura pode tomar.
O movimento mais provável que deve acontecer, na visão da XP, é a combinação da Natura Co. LatAm e Avon Internacional em uma única unidade de negócio. Isso porque a empresa vem passando por um processo de padronização do modelo comercial da Avon em todas as regiões de atuação e a estratégia de comunicação e marketing da marca também foi unificada globalmente.
Além disso, o banco digital avalia que essa combinação poderia trazer sinergias adicionais a serem capturadas com a fusão de suas áreas operacionais. Também é possível que a empresa foque apenas nos mercados principais da Avon Internacional, terceirizando suas operações à distribuidores em países não rentáveis.
Uma segunda possibilidade seria o Spin-off da Aesop, pois a marca estaria má precificada dentro do atual valuation de Natura devido à sua baixa representatividade no Ebitda consolidado. Ainda assim, apesar desta operação destravar valor, o banco não acredita que o timing para este movimento seja ideal.
A Aesop está iniciando um ciclo de investimentos para entrar na China, o que deve pressionar a rentabilidade no curto-prazo. Esse processo pode enfrentar dificuldades já que o país asiático está passando por um momento macroeconômico desafiador por conta das revisões negativas para o PIB e as crises nos setores imobiliários e de energia.
Por fim, o terceiro cenário previsto pela XP é o menos provável, segundo o banco digital, mas uma possível venda completa do ativo reduziria a complexidade da Natura, já que a marca The Body Shop demanda energia e capital dos executivos, enquanto a companhia não possui um histórico de execução comprovado operando a marca.
A XP acredita que a Natura deve suspender o seu guidance de receita líquida de R$47-49 bilhões, margem Ebitda entre 14%-16% e Dív. Líquida/Ebitda abaixo de 1x em 2024e, frente aos desafios internos e macroeconômicos.
Um anúncio nesse sentido teria um impacto neutro, na visão da XP, que estima para a empresa uma receita líquida de R$ 45,6 bilhões, uma margem Ebitda Ajustada de 12,3% e uma Dív. Líquida/Ebitda de 1,3x em 2024e.
A XP mantém uma recomendação de compra das ações da Natura, com preço-alvo em R$ 25.