Por Martinne Geller e Michael Shields
LONDRES/ZURIQUE (Reuters) - A gigante de alimentos Nestlé pagará à Starbucks 7,15 bilhões de dólares em dinheiro pelos direitos de vender os produtos da cadeia norte-americana de café ao redor do mundo, amarrando a marca premium ao poderio global de distribuição da empresa suíça.
O acordo desta segunda-feira para um negócio com vendas de 2 bilhões de dólares reforça a posição da Nestlé como a maior empresa de café do mundo, buscando fortalecer seu lugar no topo de um mercado em rápida mudança.
É uma jogada ousada do novo presidente-executivo da Nestlé, Mark Schneider, que fez do café uma prioridade estratégica enquanto tenta convencer os acionistas inquietos, incluindo o ativista Third Point, de que ele pode impulsionar o desempenho do grupo.
Andrew Wood, analista da Bernstein, disse que a terceira maior aquisição da Nestlé permitirá à empresa suíça expandir a marca por meio de sua rede de distribuição global.
A Starbucks, com sede em Seattle, a maior cadeia de café do mundo, disse que usará os recursos para acelerar a recompra de ações e que o acordo aumentaria o lucro por ação até 2021, no mais tardar.
A Nestlé informou que espera que o acordo de venda de café ensacado e de bebidas da Starbucks aumente o lucro até 2019. O acordo não envolverá nenhum das cafeterias da Starbucks ou produtos prontos para beber.
Mas permite que a Nestlé venda café Starbucks em cápsulas individuais --como faz agora com Nespresso e Nescafé-- e amplie as vendas de café solúvel da Starbucks, um mercado importante na Ásia. A Starbucks agora vende café de dose única em cápsulas Kuerig K-cup.
O nome da Nestlé não aparecerá nos produtos da Starbucks. "Não queremos que o consumidor perceba que a Starbucks agora faz parte de uma família maior", disse uma fonte da Nestlé.
A Starbucks, forte principalmente nos Estados Unidos, terá a palavra final na expansão de sua linha de produtos.
"Esta aliança global de café trará a experiência da Starbucks para as casas de milhões de pessoas em todo o mundo, através do alcance e da reputação da Nestlé", disse o presidente-executivo da Starbucks, Kevin Johnson.
O acordo fortalecerá a posição da Nestlé nos Estados Unidos, onde é a quinta colocada com menos de 5 por cento do mercado. A Starbucks, líder de mercado, tem uma participação de 14 por cento, segundo a Euromonitor International.
"Nos EUA, o Nescafé é visto como uma marca de baixo custo para pessoas mais velhas e o Nespresso como um produto de nicho. A Starbucks é a líder de mercado de massa", disse Erik Gordon, da Ross School of Business da Universidade de Michigan.
"A Nestlé é de longe a maior empresa global de bebidas quentes, com mais vendas do que as cinco maiores empresas de bebidas quentes combinadas", disse Matthew Barry, analista da Euromonitor, quando a união foi discutida pela primeira vez na sexta-feira .
"No entanto, a posição de liderança da Nestlé é menos segura do que antes."
Ás 11:55 (horário de Brasília), as ações da Nestlé subiam 1,7 por cento, tendo caído mais de 8 por cento até o momento em 2018. Os papéis da Starbucks tinham queda de 0,3 por cento na bolsa norte-americana Nasdaq.
(Reportagem adicional de John Miller)