TÓQUIO (Reuters) - A Nissan afirmou que está tentando impedir que o ex-presidente da empresa, o brasileiro Carlos Ghosn, tenha acesso a um apartamento no Rio de Janeiro, citando o risco de que o executivo, preso e removido do seu posto por acusações de fraude financeira, possa destruir provas.
Ghosn está detido em Tóquio desde a prisão, em 19 de novembro, suspeito de conspirar com o ex-diretor da Nissan Greg Kelly para encobrir, a partir de 2010, cerca de metade de seu rendimento real de 88 milhões de dólares em cinco anos.
Autoridades de Tóquio estenderam a detenção até o prazo máximo de 10 de dezembro.
Um tribunal do Brasil concedeu a Ghosn acesso à propriedade, cuja dona é a Nissan, no bairro de Copacabana, mas a empresa afirmou em comunicado neste domingo que está recorrendo da decisão para uma corte superior.
“A Nissan está cooperando com as autoridades para investigar os crimes por parte de seu ex-presidente, e está trabalhando para impedir a destruição de potenciais evidências, o que pode ocorrer com o acesso à residência em questão”, disse um porta-voz da montadora.
Uma pessoa próxima aos promotores de Tóquio afirmou à Reuters que Ghosn, Kelly e a Nissan serão indiciados na segunda-feira.
“A Nissan identificou sérias contravenções relacionadas à declaração salarial do senhor Ghosn. A empresa está fornecendo informações ao Ministério Público japonês e está cooperando totalmente com as investigações. Continuaremos a fazer isso”, disse o porta-voz da empresa.
(Por Ayai Tomisawa, Ritsuko Ando, Norihiko Shirouzu e William Mallard)