Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A BRF (SA:BRFS3) não parou de enviar produtos de carne para a China, mesmo em meio ao congestionamentos em alguns dos portos do país causados pelo surto de coronavírus, informou a empresa na sexta-feira, respondendo a consulta da Reuters.
A empresa afirmou, em comunicado, que está monitorando as consequências do surto e o fluxo de mercadorias enviadas para a China diariamente, observando que os movimentos de carga nos portos chineses estão sendo gradualmente restaurados.
Os navios que transportavam contêineres refrigerados de frango dos Estados Unidos para a China estavam sendo desviados para portos de outros países, já que os portos chineses ficaram sem espaço para esse tipo de contêineres, que precisam ser conectados a eletricidade depois de descarregados para manter carne congelada e outros alimentos.
A China está lutando para retomar as operações comerciais normais, uma vez que as consequências do coronavírus atingem as linhas de transporte de contêineres e as cadeias logísticas, com a maior linha de contêineres do mundo, a Maersk alertando na quinta-feira que o surto de coronavírus afetaria os ganhos.
A BRF afirmou ainda que não teve custos adicionais de remessa para continuar enviando mercadorias para a China, abordando especificamente uma pergunta da Reuters relacionada a uma "taxa de congestionamento" de 1000 dólares por contêiner de carga refrigerada que as companhias de navegação exigiam dos exportadores que desejassem enviar produtos refrigerados imediatamente para a Ásia.
"Os volumes produzidos pela empresa destinados à China estão sendo embarcados normalmente", disse a BRF, acrescentando que não enfrenta problemas de armazenamento no Brasil relacionados a problemas portuários chineses.
A BRF acrescentou que "entende que a carga embarcada neste momento chegará à China com uma situação logística mais controlada".
A Associação Brasileira de Proteína Animal confirmou atrasos relacionados à liberação de produtos refrigerados nos portos chineses em meio à nova epidemia de coronavírus. Ainda citando informações de suas empresas-membros e do governo brasileiro, a ABPA disse nesta semana "houve uma melhora no fluxo de carga" que chega pelos portos chineses.
Já a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) disse não ter recebido informações de seus membros de que os embarques de carne bovina estavam sendo redirecionados para portos em outros países como resultado do congestionamento nos centros de logística chineses.
A ABIEC saudou o anúncio do Ministério dos Transportes da China, em 15 de fevereiro, de que renunciaria às tarifas de pedágio nas rodovias e vias expressas nacionalmente a partir de 17 de fevereiro até que o trabalho de controle de epidemias do país fosse concluído, dizendo que ajudaria a restaurar os fluxos comerciais.