Por Brad Brooks
SÃO PAULO (Reuters) - Olga Pontes, responsável pela área de compliance da Odebrecht, disse nesta terça-feira que o conglomerado negocia com a Argentina e está perto de fechar um acordo de leniência no país.
Ela não deu detalhes sobre o possível acordo na Argentina durante conversa com jornalistas. Promotores federais na Argentina não responderam aos pedidos por comentários.
A Odebrecht está no centro das investigações da operação Lava Jato, que segundo promotores dos Estados Unidos é o maior esquema de corrupção política já desvendado.
O esquema envolve o pagamento de bilhões de dólares em propinas, a maior parte para executivos da Petrobras (SA:PETR4), políticos e partidos políticos em troca de contratos lucrativos. Mais de 130 políticos e empresários já foram condenados como parte do caso, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Estamos na mesa de negociações com autoridades na Argentina”, afirmou Olga Pontes. "Um acordo está próximo, mas nada ainda foi finalizado."
No ano passado, promotores do Brasil e da Argentina acusaram setores dos governos dos dois países de tentar bloquear a cooperação judicial para assim proteger políticos na Argentina, que, segundo a Odebrecht, eram cúmplices no esquema de propinas.
Mas o Congresso da Argentina aprovou uma lei anticorrupção em novembro passado que permite acordos de leniência e outros mecanismos legais para combater o crime. O presidente da Argentina, Mauricio Macri, disse que as medidas são necessárias para avançar com as investigações sobre a Odebrecht.
No ano passado, a Argentina proibiu a empresa de fazer ofertas por contratos de obras públicas por 12 meses.
Em agosto, promotores argentinos tiveram acesso a um conjunto de confissões que executivos da Odebrecht deram à Justiça brasileira sobre corrupção praticada na América Latina, Estados Unidos e África.
Olga também disse que a empresa concluiu acordos de leniência em outros países, mas eles não ainda não foram anunciados uma vez que ainda estão sob sigilo.
No mês passado, a Odebrecht ofereceu 18 milhões de dólares ao México, além de informações sobre corrupção no país, se o país prometesse desistir de outras multas contra a empresa e suspendesse a proibição para assinaturas de novos contratos com o governo, segundo um documento visto pela Reuters e uma fonte com conhecimento do assunto.
As autoridades mexicanas rejeitaram a proposta.
Promotores brasileiros só vão entregar as confissões de quase 80 executivos da Odebrecht dadas nos últimos dois anos se outros países se comprometerem a não processar os executivos.
Proteção contra processo criminal faz parte do acordo recorde de 6,9 bilhões de reais que a Odebrecht assinou dois anos atrás com promotores dos Estados Unidos, Brasil e Suíça.
Na segunda-feira, um promotor no Peru afirmou que o país estava perto de assinar um acordo de leniência com a empresa.
(Reportagem adicional de Nicolas Misculin)