LIMA (Reuters) - Uma ampla investigação sobre propinas pagas pela Odebrecht no Peru chegou a um momento difícil, com a empreiteira pressionando os promotores locais para fechar um acordo que lhe daria garantias jurídicas mais amplas, disseram duas fontes na procuradoria do país nesta quarta-feira.
A Odebrecht levou suas reclamações sobre a investigação no Peru para autoridades no Brasil, levando a Procuradoria-Geral da República a suspender sua cooperação judicial com o país andino, informou a PGR.
No final de 2016, a Odebrecht admitiu publicamente ter orquestrado esquemas de propinas em uma dúzia de países e assinou acordos de colaboração no Brasil, nos Estados Unidos, na República Dominicana, no Equador e na Guatemala.
No início de 2017, a Odebrecht concordou em fornecer aos promotores públicos peruanos informações sobre subornos pagos a funcionários do governo, mas a companhia e os promotores peruanos ainda não assinaram um acordo formal que reduza a exposição da empresa a riscos jurídicos.
Se a Odebrecht decidir parar de cooperar com promotores peruanos ou o Brasil bloquear o acesso a testemunhas ou evidências no país, isso representaria um grande golpe para investigações criminais no Peru envolvendo quatro ex-presidentes, ex-funcionários do governo e o chefe do partido da oposição.
As duas fontes disseram que a Odebrecht quer a proteção legal de um acordo no Peru porque sente que está sendo tratada como suspeita e não como informante das autoridades locais, que apreenderam documentos e congelaram alguns de seus ativos até o pagamento de uma eventual multa. Ambas as fontes falaram sob condição de anonimato.
O gabinete do procurador-geral peruano disse em um comunicado que há sempre "altos e baixos" nas negociações de acordo judicial e que as conversas com a empresa continuam.
A Odebrecht disse que continua comprometida em ajudar os promotores peruanos "desde que as premissas básicas do processo sejam respeitadas, garantindo a segurança jurídica da empresa e as pessoas que apoiam as investigações".
A Procuradoria-Geral da República no Brasil disse que pediu ao Peru para responder às alegações feitas pelos advogados da Odebrecht de que seus promotores violaram as exigências estabelecidas pelo Brasil para compartilhar informações sobre a Odebrecht com outros países.
(Por Mitra Taj, com reportagem adicional de Brad Brooks em São Paulo)