Por Shadia Nasralla e Olesya Astakhova e Bozorgmehr Sharafedin
VIENA (Reuters) - A Arábia Saudita encabeçou um acordo nesta sexta-feira que fará com que o grupo de produtores de petróleo Opep+ se comprometa com alguns dos mais profundos cortes de produção do setor em uma década, com o objetivo de evitar um excesso de oferta e sustentar os preços da commodity.
Os sauditas, ao lado de outros membros da Opep e de países aliados do grupo, estes liderados pela Rússia, apoiaram um plano que pode gerar cortes de até 2,1 milhões de barris por dia (bpd), disse o ministro de Energia do reino, príncipe Abdulaziz bin Salman.
As cifras incluem a adição de um corte de 500 mil bpd às restrições já existentes, com a nova meta da Opep+ figurando em 1,7 milhão de bpd (ou 1,7% da produção mundial), e mais 400 mil bpd, que a Arábia Saudita sinalizou que pode acrescer à sua cota.
"O objetivo saudita não era necessariamente elevar os preços do petróleo para níveis significativamente mais altos, mas sim colocar um piso para eles durante o primeiro trimestre, para atenuar qualquer fraqueza sazonal", disse Amrita Sen, cofundadora da Energy Aspects.
A Opep+, que inclui mais de 20 produtores, bombeia mais de 40% de todo o petróleo do mundo. As ações do grupo ocorrem antes de esperados aumentos de produção por países que não participam do pacto, capitaneados pelo maior produtor global, os Estados Unidos.
Os produtores voltarão a se reunir em março para que decidam seus próximos movimentos, disse o príncipe Abdulaziz após a conclusão do encontro da Opep+, acrescentando que há uma "crença profunda" de que a colaboração irá prosseguir.
"O júri ainda está discutindo sobre o ponto em que estaremos em março", disse o ministro saudita em entrevista concedida à Reuters mais tarde, quando questionado sobre qual será a oferta necessária ao mercado na ocasião.
Dos novos cortes de 500 mil bpd anunciados, a Opep contribuirá com 372 mil bpd, enquanto não membros do cartel se responsabilizarão por 131 mil bpd, anunciou a Opep.
"É o melhor resultado que você poderia esperar. Ele coloca um piso para os preços a 60 dólares para o Brent, mas até a economia global melhorar, provavelmente continuaremos em um mercado em que o Brent opera entre 60 dólares e 65 dólares. No segundo trimestre, poderemos ver o Brent entre 65 dólares e 70 dólares", avaliou Gary Ross, fundador da Black Gold Investors.
Os contratos futuros do Brent encerraram a sessão desta sexta-feira em alta de 1,6%, a 64,39 dólares por barril, e acumularam ganhos de cerca de 3% na semana.
(Reportagem de Rania El Gamal, Alex Lawler e Ahmad Ghaddar)