Por Philip Pullella
A BORDO DO AVIÃO PAPAL (Reuters) - O papa Francisco disse neste sábado que sua idade avançada e dificuldade para andar deram início a uma nova e mais lenta fase de seu papado e repetiu que estará pronto para renunciar um dia se graves problemas de saúde o impedirem de conduzir a Igreja.
"Acho que não posso continuar fazendo viagens com o mesmo ritmo de antes", disse ele em resposta às perguntas dos repórteres a bordo do avião que voltava a Roma de uma viagem de uma semana no Canadá.
Nos últimos meses, Francisco, de 85 anos, tem utilizado cadeira de rodas, bengala ou andador por causa da dor no joelho causada por uma fratura e ligamento inflamado.
Ele caminhou com uma bengala até a cabine traseira do avião onde os repórteres o acompanham, mas sentou-se em uma cadeira de rodas para a tradicional entrevista coletiva de 45 minutos após a viagem, a primeira vez que o fez em suas 37 viagens internacionais desde que foi eleito papa em 2013.
“Acho que na minha idade e com essa limitação tenho que me preservar um pouco para poder servir à Igreja ou decidir me afastar”, disse Francisco.
O ritmo da viagem ao Canadá, que se concentrou em suas desculpas pelo papel da Igreja nas escolas residenciais para assimilar crianças indígenas, foi mais lento do que no passado, geralmente com apenas dois eventos por dia e longos períodos de descanso.
Francisco disse que preferia não operar o joelho porque não queria uma repetição dos efeitos colaterais negativos de longo prazo da anestesia que sofreu após uma operação intestinal há um ano.
"Mas vou tentar continuar a viajar para estar perto das pessoas porque é uma forma de servir", disse.
Ele indicou que primeiro fará uma viagem a lugares que já havia prometido ir, como Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Líbano e talvez Cazaquistão antes de decidir sobre futuras viagens.
"Tenho toda a boa vontade, mas teremos que ver o que a perna diz", disse ele.
"A PORTA ESTÁ ABERTA"
Em entrevista à Reuters neste mês, Francisco disse que não tem intenção de renunciar em breve.
Ele disse muitas vezes que poderia seguir os passos do Papa Bento 16, que em 2013 se tornou o primeiro papa em 600 anos a renunciar em vez de governar por toda a vida.
"Isso, com toda a honestidade, não é uma catástrofe. Pode haver uma mudança de papas, não há problema com isso", disse ele.
"A porta está aberta. É uma das opções normais. Até hoje, eu não usei essa porta. Não achei que fosse necessário pensar nessa possibilidade, mas isso não significa que depois de amanhã eu não comece a pensar nisso", disse ele.
"Esta viagem foi um pouco de teste. É verdade que não posso fazer viagens nesta condição. Talvez o estilo tenha que mudar, fazer menos viagens, fazer as viagens que prometi fazer, refazer as coisas. Mas será o Senhor quem decidirá. A porta está aberta", disse.