Investing.com - Pedro Parente pediu demissão da presidência da Petrobras, informou a empresa nesta sexta-feira (1/6). O conselho de administração da petroleira irá se reunir ainda hoje para nomear um CEO interino.
O executivo estava sob intensa pressão após reduzir unilateralmente o preço do diesel em meio à greve dos caminhoneiros, em um movimento visto como uma concessão política. O corte no preço do combustível não seguiu as regras de precificação aprovadas pela Petrobras no ano passado.
A percepção de que a política tomou conta da diretoria comandada pelo até então considerado independente Pedro Parente provocou um sell-off nas ações da petroleira, que chegaram a ceder mais de 30% em relação ao seu pico de oito anos de R$ 27,54 alcançado em meados de maio.
Parente e agentes do governo tentaram minimizar a situação tentando descolar a decisão da empresa do Planalto, mas o estrago já estava feito e a companhia foi rebaixada por diversos bancos e corretoras. Informações de que o executivo não permaneceria à frente da companhia surgiram na imprensa, mas foi descartada à época pelo próprio Parente e por ministros do governo. Antes de deixar o cargo, o CEO ainda enfrentou uma greve dos petroleiros.
Com o anúncio da renúncia de Parente, as ações da Petrobras tiveram negociações suspensas enquanto subiam 3% a R$ 19,55 nas preferenciais (SA:PETR4) e R$ 22,55 nas ordinárias (SA:PETR3). As ADRs (NYSE:PBR), negociadas nos EUA, desabam 13%.
BRF no radar
O executivo assumiu em abril a presidência do conselho de administração da BRF (SA:BRFS3) e ganhou força nas últimas semanas a possibilidade de que ele deixasse a Petrobras para assumir a exportadora.
Na última terça-feira (29/5), a Coluna do Broad, do Estadão, informou que Parente teria pedidopara que a BRF segurasse o processo de escolha do novo CEO, já em vista da possibilidade de deixar o comando da estatal.
A publicação destacou também que o assunto era recorrente nas rodas de executivos do mercado financeiro.
A indicação de Parente para BRF foi feita pelo empresário Abílio Diniz, ex-presidente do conselho, que sofreu críticas nos últimos meses pela crise vivida pela companhia de alimentos. A BRF encerrou 2017 com prejuízo líquido de R$ 1 bilhão, enfrenta quadro de endividamento elevado e foi citada na operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
Os acionistas da BRF estiveram em pé de guerra pelo comando da companhia. De um lado, os fundos de pensão Previ e Pretos. Do outro, Península (holding da família Diniz) e o fundo Tarpon (SA:TRPN3). Com a solução apresentada por Diniz, a disputa foi encerrada.
A gestão de Parente na Petrobras teve início com a chegada de Michel Temer à Presidência da República e substituiu Aldemir Bendine, preso e condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sua atuação à frente da petroleira era elogiada pelo mercado ao ter sucesso em implantar medidas de controle e proteção às pressões políticas, como a metodologia de precificação de combustíveis pela cotação do dólar e do barril do petróleo no exterior.
No cargo, Parente conseguiu reverter os prejuízos, avançar com o programa de desinvestimento e reduzir a alavancagem.