Investing.com - A decisão da Petrobras (SA:PETR4) de reduzir o preço do diesel nas refinarias em 10% por 15 dias para discutir alterativas para a queda nos preços dos combustíveis, como era de se espera, foi mal recebida pelos investidores. As ações da empresa, que chegaram a ser negociados em leilão na abertura dos negócios apresentam queda expressiva, chegando a 14,65% a R$ 19,80 para as preferenciais e de 13,7% a R$ 23,43 para as ordinárias.
Analistas cortaram a recomendação dos papéis da companhia, citando preocupação com aumento dos riscos de interferência política na estatal. Entre as casas que rebaixaram a avaliação dos papéis estão Credit Suisse, Morgan Stanley (NYSE:NYSE:MS) e Itaú BBA. "As regras do jogo mudaram" destacou o analista André Hachem, do Itaú BBA, que cortou a recomendação para 'market perform'.
A Petrobras reduzirá em 10 por cento o valor do diesel nas refinarias a partir de quinta-feira, em uma decisão "excepcional" devido aos protestos dos caminhoneiros, que deve resultar em perda de 350 milhões de reais em receita para a companhia.
Em meio às manifestações, que afetam as exportações e o abastecimento interno do país, a empresa anunciou ainda que a nova cotação média do diesel, de 2,1016 reais por litro (sem tributos), será mantida por 15 dias. O valor representa uma redução de 0,2335 real por litro.
A medida, disse o presidente-executivo da Petrobras, Pedro Parente, visa permitir um diálogo entre governo e representantes dos caminhoneiros diante dos recentes protestos, mas não foi muito bem recebida pelo mercado.
"Foi uma medida em caráter excepcional e não representa uma mudança na política de preços da Petrobras, e acreditamos que seja possível ao governo e caminhoneiros encontrar essa solução definitiva para o diesel no Brasil", disse Parente a jornalistas, após o anúncio.
Ele ressaltou ainda que não foi pressionado pelo governo a reduzir os preços.
"Foi uma decisão que nós tomamos sem pressão de lado nenhum, porque queríamos gerar essa contribuição para normalizar a situação da vida do país... não estamos aqui atendendo a pressão nem chantagem de ninguém."
Após o período de 15 dias, a companhia promete retomar gradualmente sua política de preços, iniciada em julho do ano passado e que prevê reajustes quase que diários, em linha com mercado internacional e o câmbio.
Parente salientou que a redução nas bombas dos postos pode chegar a 25 centavos por litro, considerando questões tributárias e dependendo do repasse pela cadeia distribuidora e revendedora.
"A independência da Petrobras não foi arranhada", destacou ele, acrescentando que as operações da empresa também têm sido afetadas pelos protestos.
Parente ressaltou que a decisão sobre o diesel "não abre espaço para redução da gasolina".
Desde julho, quando a petroleira iniciou sua política de reajustes diários, a gasolina acumula alta de 46,7 por cento nas refinarias, ao passo que o diesel, 33,4 por cento, já considerando a redução de quinta-feira.
Com Reuters.