Dólar (DXY): sinais mais duros do Fed devem sustentar alta com fraqueza do iene

Publicado 06.10.2025, 10:33
  • O dólar ganhou força com a forte desvalorização do iene após as mudanças políticas no Japão.
  • A incerteza em torno do Fed e a paralisação do governo elevaram a cautela dos investidores, oferecendo suporte temporário ao dólar americano.
  • A alta nos preços do petróleo e o impulso técnico de curto prazo também favoreceram o dólar americano, embora os riscos de longo prazo permaneçam.

O dólar iniciou a semana em alta, recuperando as perdas da semana anterior. O índice do dólar dos EUA atingiu 98,48, o maior patamar em dez dias, impulsionado principalmente pela forte valorização frente ao USD/JPY. O movimento reflete tanto mudanças políticas no Japão quanto incertezas econômicas nos Estados Unidos.

O principal fator para o avanço da moeda americana foi a acentuada desvalorização do iene. Sanae Takaichi venceu a disputa pela liderança do partido governista japonês e deve assumir como primeira-ministra. Takaichi defende aumento dos gastos públicos e manutenção de políticas monetárias expansionistas, sinalizando ao mercado uma retomada da estratégia “Abenomics 2.0”.

Diante dessa postura, o iene perdeu força, e a taxa de câmbio USD/JPY subiu quase 2%, para 150,43, máxima em dois meses, fortalecendo o dólar globalmente. O apoio de Takaichi a estímulos fiscais reduz a probabilidade de elevação de juros pelo Banco do Japão, que agora tende a ser adiada para 2026. Esse diferencial de taxas mantém o dólar mais atraente no cenário internacional.

Incertezas sobre o Fed e efeitos da paralisação do governo

Outro fator que sustenta o índice do dólar é o contexto político e econômico nos Estados Unidos. A paralisação do governo federal tem adiado a divulgação de dados relevantes, como o relatório de emprego de setembro, dificultando a tomada de decisão do Federal Reserve e aumentando a incerteza dos mercados.

Apesar disso, indicadores recentes elevaram as apostas em um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica ainda neste mês. Dados da ferramenta CME FedWatch apontam probabilidade próxima de 95% para esse ajuste em outubro, e parte do mercado já precifica uma nova redução em dezembro.

Nesta semana, discursos de dirigentes do Fed, incluindo a divulgação da ata do FOMC e a fala do presidente Jerome Powell na quarta-feira, podem influenciar de forma decisiva o desempenho do índice do dólar. Investidores acompanharão atentamente qualquer sinal de postura mais restritiva da autoridade monetária.

Petróleo e dinâmica de porto seguro

O dólar também encontrou suporte no mercado de energia. A decisão da Opep+ de ampliar a produção de petróleo em novembro elevou os preços da commodity, o que aumentou a demanda pela moeda americana, dada a importância dos EUA na produção e no comércio global de energia. Assim, a valorização do petróleo contribuiu indiretamente para o fortalecimento do dólar.

Ainda assim, a moeda acumula queda de cerca de 10% no ano, refletindo o interesse crescente dos investidores por outros ativos de proteção. No horizonte mais longo, a perspectiva de política monetária mais flexível e sinais de desaceleração econômica tornam o dólar mais vulnerável.

Perspectiva técnica do dólar americano

Dólar - análise técnica - DXY
Na semana passada, o índice do dólar manteve suporte em 97,50, e a superação do nível de 98 no início desta semana conferiu fôlego de curto prazo. O ativo testa agora a resistência de 98,50, faixa que coincide com o centro da zona recente de negociação e com a média móvel de três meses, tornando-se um ponto técnico relevante. Caso rompa essa barreira, o próximo alvo passa a ser 99,70. Um avanço consistente pode conter o apetite por risco e redirecionar fluxos para o dólar como refúgio.

Se a paralisação do governo terminar rapidamente, o impacto sobre o dólar tende a ser neutro ou até positivo. Mas, se a incerteza persistir, a moeda pode voltar a perder terreno. Nesse caso, as orientações do Fed sobre juros e as mudanças de política no Japão serão determinantes para o rumo do câmbio.

Tecnicamente, uma permanência abaixo de 98,50 indicaria retomada da pressão vendedora, com possibilidade de teste do suporte intermediário em 97,50. Caso esse nível seja rompido, o movimento de queda pode se estender até o suporte principal em 96,50.

Em síntese, embora o índice do dólar mantenha tendência de alta no curto prazo, o espaço para ganhos adicionais é limitado pelas incertezas políticas e monetárias nos Estados Unidos. A região dos 97 pontos se destaca como suporte sólido, enquanto o nível de 99,70 permanece como resistência crítica.

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