📖 Guia da Temporada de Balanços: Saiba as melhores ações escolhidas por IA e lucre no pós-balançoLeia mais

PF prevê concluir até junho perícia que determinará causa de rompimento em Brumadinho

Publicado 16.01.2020, 14:08
© Reuters. .
VALE3
-

Por Marta Nogueira

BELO HORIZONTE (Reuters) - A Polícia Federal espera conclusão até junho de uma perícia que deverá apontar a causa da liquefação que levou ao rompimento de barragem da Vale (SA:VALE3) em Brumadinho (MG), em um importante passo para determinar se houve homicídio doloso ou culposo no desastre, disse o delegado responsável pela investigação nesta quinta-feira.

Devido à alta complexidade da perícia, foi selada uma parceria com universidades em Barcelona e Porto, viabilizada pelo Ministério Público Federal, para identificar as causas, disse o delegado Luiz Nogueira, em coletiva de imprensa sobre o caso em Belo Horizonte (MG), na capital mineira.

Não há ainda um prazo para a conclusão das investigações e apresentação da denúncia contra funcionários e empresas. A expectativa, segundo Nogueira, é que o Ministério Público Federal faça apenas uma única denúncia, incluindo todos os crimes apurados.

"A perícia mais importante para a gente definir se houve realmente o crime de homicídio, e se foi doloso ou culposo, é aquela que vai me dizer o que provocou a liquefação daqueles rejeitos que estavam depositados naquela barragem", afirmou Nogueira.

A perspectiva, segundo o delegado, é que após a identificação do gatilho do desastre seja possível averiguar com maior precisão se o comportamento de representantes da empresa diante dos riscos pode ser considerado criminoso.

"Não é possível ainda falar em homicídio doloso nem em homicídio culposo, porque o dolo a gente só vai verificar quando tiver todas as circunstâncias de que aquele fato ilícito foi cometido e hoje a gente não tem ainda... Isso tudo ainda está sendo apurado e só será definido no fim das investigações."

Uma morte é qualificada como homicídio doloso quando há intenção, enquanto crime culposo pode decorrer de negligência, imprudência ou imperícia.

Dentre as hipóteses em estudo como causa da liquefação da barragem, o delegado citou fortes chuvas na região, falta de drenagem na barragem e até mesmo um conjunto de cerca de 150 sismos registrados ao longo de 2018 em um raio de até 150 quilômetros da unidade, incluindo alguns causados por explosões realizadas por empresas e abalos naturais.

O desastre, que ocorreu em 25 de janeiro do ano passado e deixou mais de 255 mortos, foi resultado da "liquefação estática" dos rejeitos dentro da estrutura, concluiu um painel de especialistas contratado pela assessoria jurídica externa da Vale para avaliar as causas técnicas do incidente. [nL1N28M0C5]

INQUÉRITOS EM CURSO As apurações sobre se houve ou não homicídio e sobre a qualificação de eventual crime como culposo ou doloso fazem parte de um segundo inquérito em curso pela Polícia Federal, que visa apurar supostos crimes ambientais e contra a vida no desastre.

Esse inquérito é mais amplo que uma investigação anterior e mira também importantes executivos da Vale, segundo o delegado.

No primeiro inquérito, concluído em setembro, a PF indiciou sete funcionários da Vale e seis da TÜV SÜD pelo crime de falsidade ideológica, acusando as empresas de terem trabalhado com documentos falsos para atestar a estabilidade da barragem. Na ocasião, nenhum alto executivo da Vale foi indiciado.

O segundo inquérito é uma continuidade do primeiro, inclusive com reaproveitamento de provas, disse o delegado, que explicou que optou pelo desmembramento porque o crime de falsidade ideológica já estava "bem comprovado".

Nogueira pontuou que os trabalhos envolvem mais de 80 milhões de arquivos apreendidos e 80 pessoas ouvidas, incluindo especialistas internacionais. A investigação deverá ainda buscar ouvir novamente executivos da Vale no próximo mês para mais questionamentos.

Na semana passada, a promotora de Justiça e coordenadora da força-tarefa do Ministério Público de MG que apura o desastre, Andressa Lanchotti, disse à Reuters que a denúncia criminal por parte do órgão será apresentada em dias contra de 15 a 20 acusados, incluindo também trabalhadores ligados à empresa que atestou a estabilidade da barragem, a alemã TÜV SÜD.

Segundo Nogueira, há sintonia entre as esferas federal e estadual e as duas têm trabalhado em paralelo no caso.

© Reuters. .

Do lado ambiental do incidente, Nogueira pontuou que desde a conclusão do primeiro inquérito até o momento praticamente todas as perícias foram concluídas.

Nesse caso, o delegado afirmou que já é possível afirmar "que houve uma grande poluição da região, contaminação de rios, de lençóis freáticos, mortandade de animais, grande prejuízo e destruição da flora da região".

"Tudo isso já foi constatado pela perícia associando todo o dano à natureza ao rompimento da barragem e à lama que correu por esse rompimento"", acrescentou ele.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.