Por Marco Aquino
LIMA (Reuters) - A empreiteira brasileira Odebrecht está perto de fechar um acordo com procuradores peruanos que investigam propinas pagas pela empresa por contratos de obras públicas no Peru, disse um procurador na segunda-feira.
A Odebrecht admitiu ter gasto cerca de 30 milhões de dólares em subornos para obter contratos no país sul-americano e concordou em fornecer detalhes dos pagamentos aos procuradores, o que culminará em um acordo formal de admissão de culpa para diminuir a exposição da empresa a riscos legais.
"É verdade que estamos quase fechando tudo", disse Rafael Vela, um dos procuradores que investigam a Odebrecht, à Reuters. Ele não quis dar detalhes sobre o que o acordo incluirá.
O jornal Valor Econômico de segunda-feira disse que a construtora assinará um acordo definitivo com as autoridades peruanas que a investigam nesta semana.
Não foi possível obter comentários de representantes da procuradoria-geral de imediato.
O escritório da Odebrecht em Lima disse à Reuters que a empresa está envolvida em conversas para fechar um acordo, mas não quis dar maiores detalhes.
"A Odebrecht Peru mantém seu compromisso de colaborar com a justiça e a confidencialidade do caso, por isso não pode fazer nenhum comentário sobre a questão", disse à Reuters em um email.
A Odebrecht está no cerne da Operação Lava Jato, escândalo de corrupção que repercutiu em toda a América Latina. Em 2016 ela admitiu em um acordo de leniência que subornou autoridades de uma dúzia de países para assegurar contratos de obras públicas ao longo de mais de uma década e concordou em pagar a soma inédita de 3,5 bilhões de dólares em acordos feitos nos Estados Unidos, no Brasil e na Suíça.
Depois do Brasil, o Peru é o país onde o escândalo da Odebrecht causou mais impacto. Os quatro últimos presidentes peruanos estão sendo investigados por ligações com supostas propinas pagas pela Odebrecht.
A investigação emperrou em julho, quando a empreiteira fez queixas do inquérito peruano a autoridades brasileiras. À época fontes disseram que a companhia quer proteções legais por se sentir tratada como suspeita, e não como uma informante voluntária.