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Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras anunciou que reduzirá em 4,9% o preço médio da gasolina vendida a distribuidoras a partir de terça-feira, em momento em que o seu combustível está mais caro do que o produto vendido no exterior, diante de um mercado de petróleo mais fraco.
Com a redução, equivalente a R$0,14 por litro, o valor médio cobrado pela companhia em suas refinarias será de R$2,71 por litro, informou a companhia em comunicado à imprensa nesta segunda-feira.
O movimento, amplamente esperado pelo mercado, ocorre após o preço de paridade de importação da gasolina, calculado por analistas, ter caído desde setembro, diante de um recuo do barril do petróleo e do fim da chamada "driving season" nos Estados Unidos -- período em que o consumo no maior mercado do mundo da gasolina é ampliado pelo aumento de viagens com veículos.
Ainda assim, os preços da Petrobras permanecerão acima da paridade, segundo analistas de mercado, que consideraram o movimento da empresa como conservador, deixando ainda aberta uma janela de importação.
Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente. A empresa tinha, no passado, uma política para definir preços de combustíveis mais rígida em relação ao valor de paridade de importação, então chamado de PPI. Atualmente, considera outros fatores, como a competitividade do seu produto, favorecida pela sua estrutura logística.
Segundo cálculos da StoneX, o preço médio da gasolina estava 33 centavos acima da paridade de importação. Mesmo com o reajuste, a partir de terça-feira, estará 19 centavos acima do mercado internacional.
Thiago Vetter, consultor em gerenciamento de risco da consultoria StoneX, destacou uma pressão baixista para o preço do petróleo, com aumentos de oferta da Opep+ e acirramento do conflito comercial entre EUA e China, que gera incerteza em relação às perspectivas de crescimento econômico global e demanda pelo fóssil.
A expectativa "crescente" de um cessar-fogo na guerra da Ucrânia, que sinaliza para a diminuição de restrição de produtos exportados pela Rússia, também é um fator baixista para o petróleo, adicionou.
Em nota a clientes, o Itaú BBA e o Citi também afirmaram que a Petrobras permanecerá negociando sua gasolina com preços mais altos do que no exterior.
"Na nossa visão, a Petrobras adotou uma postura conservadora e, se os preços do petróleo permanecerem baixos por mais tempo, a empresa pode anunciar uma nova redução de preços, fechando a janela de importação", disse o Citi.
Ambos os bancos ressaltaram que está previsto um aumento do imposto estadual (ICMS) sobre a gasolina, com vigência a partir de 1º de janeiro de 2026.
O Citi também afirmou que o anúncio da Petrobras é "marginalmente positivo" para as três principais distribuidoras do país -- Vibra, Raízen e Ipiranga -- já que a menor diferença entre os preços domésticos e internacionais da gasolina deve reduzir a competitividade dos concorrentes menores.
Foi a segunda redução dos preços da gasolina da Petrobras neste ano. No acumulado de 2025, a petroleira reduziu seus preços em um total de R$0,31 por litro ou 10,3%.
ETANOL E DIESEL
O movimento da Petrobras também deverá elevar mais a competitividade da gasolina frente ao etanol hidratado, seu concorrente direto nos postos de combustíveis, pressionando ainda mais as margens das usinas, já que os preços do açúcar estão em patamar baixo.
"Apesar de observarmos um balanço doméstico apertado de oferta e demanda de etanol nesta safra -- devido à demanda positiva pelo biocombustível -- o que poderia elevar a paridade em relação aos preços da gasolina, vemos o preço da gasolina como um fator limitante para a tendência de preços do etanol", afirmou o Citi.
Eduardo Oliveira de Melo, sócio-diretor da Raion Consultoria, ressaltou que o anúncio ocorreu "exatamente no momento em que há uma tendência de subida de preços do etanol, também por conta da entressafra".
No caso do diesel, a Petrobras manteve o valor de venda neste momento, informou a petroleira. Esse combustível já sofreu três reduções desde março.
Melo, da Raion, disse acreditar que poderá haver posteriormente um corte também no preço do diesel, a depender do contexto do mercado externo.
"O mercado internacional opera em baixa, com barril de petróleo próximo dos US$60 (o barril), com o câmbio... voltando ao patamar próximo dos R$5,35. Então há um espaço (para um corte no diesel) para talvez, nos próximos dias, a depender do cenário internacional", afirmou.
EFEITO LIMITADO NA INFLAÇÃO
A medida da Petrobras deve aliviar os custos e ajudar a segurar a inflação, já que o combustível ainda pesa no bolso e nos índices de preços, mas o efeito tende a ser limitado, na avaliação de Renato Mascarenhas, diretor de Rede Abastecimento da Edenred Mobilidade.
O especialista ressaltou que o repasse dos ajustes da Petrobras aos clientes finais, nos postos de combustíveis, não é imediato e depende de uma série de fatores, como mistura com etanol anidro, tributos, frete e margens de lucro.
"Nos últimos reajustes de 2025, inclusive, a queda percebida nos postos foi bem menor do que a aplicada pela Petrobras, como registrado pelo IPTL (Índice de Preços Edenred Ticket Log). Isso porque parte da redução acaba se perdendo no caminho, entre impostos e custos logísticos", disse Mascarenhas.
Pelos dados mais recentes do IPTL, o litro da gasolina foi vendido, em média, a R$6,36 na primeira quinzena de outubro. Mesmo com o novo reajuste, os preços devem seguir perto desse patamar nas próximas semanas, até que o repasse chegue ao consumidor, adicionou o especialista.
