Por Roberto Samora e Marta Nogueira
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) prevê investir 74,1 bilhões de dólares entre 2017 e 2021, uma queda de 25 por cento em relação ao Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, revisado em janeiro deste ano, elevando ainda projeções de vendas de ativos enquanto busca melhorar suas finanças.
O corte de investimento atingiu várias áreas e ficou acima do esperado por analistas, conforme revelou nesta terça-feira a petroleira em aguardado anúncio que impulsionou as ações da empresa, cujas novas projeções de produção indicam para poucas mudanças.
A estatal apontou ainda uma meta de desinvestimentos de 19,5 bilhões de dólares para o biênio de 2017 e 2018, ante 15,1 bilhões projetados em vendas de ativos entre 2015-2016, tópico considerado fundamental para a empresa reduzir seu enorme endividamento líquido de 332,4 bilhões de reais em 30 de junho.
"Já há um processo em andamento da recuperação financeira da empresa e no fim do prazo de dois anos vamos estar com indicadores financeiros que nos permitirão almejar a voltar a situação anterior, especialmente ao nosso custo financeiro", disse o presidente da Petrobras, Pedro Parente, em conferência de imprensa.
Com um plano mais enxuto, Parente disse que a empresa --que perdeu seu grau de investimento em meio aos desdobramentos das investigações de um enorme esquema de corrupção e da acentuada queda nos preços do petróleo-- aspira melhorar os seus ratings.
No plano, a Petrobras prevê reduzir a alavancagem (medida pela relação de dívida líquida/Ebitda) de 5,3 vezes em 2015 para 2,5 vezes em 2018.
Priorizando investimentos na exploração e produção do pré-sal, e já considerando o novo nível de aportes, as parcerias e os desinvestimentos, a empresa prevê produzir 2,77 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) de óleo e líquido de gás natural (LGN) no Brasil em 2021, ante 2,7 milhões de barris de petróleo por dia, em média, em 2020, no plano anterior.
Nas demais áreas de negócios, os aportes visarão, basicamente, a manutenção das operações e projetos relacionados ao escoamento da produção de petróleo e gás, afirmou a estatal em nota.
As ações preferenciais da Petrobras operavam em alta de 3,6 por cento às 13:11, enquanto as ordinárias avançavam cerca de 2 por cento e o Ibovespa subia 0,7 por cento.
CORTE ACIMA DO MERCADO
O corte nos investimentos foi maior do que o esperado pelo mercado, com analistas ouvidos pela Reuters projetando em média aportes de cerca de 80 bilhões de dólares até 2021.
A redução dos investimentos é ainda maior quando comparada com o plano de negócios da petroleira em 2014, de 220,6 bilhões de dólares em cinco anos, quando a companhia ainda não havia reportado perdas bilionárias pelo escândalo de corrupção revelado pela operação Lava Jato e quando os preços do petróleo estavam mais altos.
Agora, para os próximos cinco anos, a Petrobras prevê investimentos da área de Exploração & Produção de 60,6 bilhões de dólares), sendo que 76 por cento do montante será alocado para desenvolvimento da produção, 11 por cento para exploração e 13 por cento para suporte operacional. No plano anterior, a principal divisão da empresa receberia investimentos de 80 bilhões de dólares.
Já a área de Refino e Gás Natural receberá investimentos de 12,4 bilhões de dólares no período, sendo 50 por cento destinados à continuidade operacional dos ativos e o restante a projetos relacionados ao escoamento da produção de óleo e gás. No plano anterior, a divisão de Abastecimento tinha uma previsão de 10,9 bilhões de dólares e a de Gás e Energia, de 5,4 bilhões de dólares.
DESINVESTIMENTO EM ETANOL
A Petrobras afirmou ainda que vai sair integralmente das atividades de produção de biocombustíveis, incluindo etanol e biodiesel, onde tem participação relevante, mas não deu prazo para a realização dos acordos.
Vai deixar também os setores de distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo (gás de cozinha), produção de fertilizantes e das participações em petroquímica.
A petroleira reafirmou que, como empresa integrada, buscará reduzir o riscos por meio de parcerias e desinvestimentos na atuação em Exploração e Produção, Refino, Transporte, Logística, Distribuição e Comercialização.
Disse ainda que buscará reestruturar os negócios de energia, consolidando os ativos termelétricos e demais negócios desse segmento, buscando a alternativa que maximize o valor para a empresa.
A companhia afirmou também que vai rever o posicionamento do negócio de lubrificantes, objetivando maximizar a geração de valor.
(Com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier e Jeb Blount)