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Petrobras cria precedente perigoso ao não pagar dividendo, diz Póvoa

Publicado 19.05.2015, 19:20
© Reuters.  Petrobras cria precedente perigoso ao não pagar dividendo, diz Póvoa
PBR
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O não pagamento de dividendos pela Petrobras aos acionistas preferencialistas pode "depreciar definitivamente" a atratividade dessa classe de ações, criando um precedente perigoso no mercado de capitais brasileiro, avaliou nesta terça-feira o gestor Alexandre Póvoa, sócio na Canepa Asset Management.

Em abril, quando divulgou com meses de atraso seu balanço auditado do ano passado com prejuízo de 21,6 bilhões de reais, a Petrobras informou que não pagaria dividendos para preservar o caixa, apesar de ter cerca de 100 bilhões de reais em reservas de lucro.

Póvoa argumentou, em relatório a clientes, que a vantagem da ação preferencial reside, quando faltam recursos, na garantia de um valor mínimo "teoricamente garantido" - no caso, pela reserva de lucros.

"Em troca dessa vantagem, o preferencialista abre mão do seu direito a voto. Esse é o conceito básico ensinado aos investidores de geração em geração, há décadas, desde os tempos da saudosa Bolsa do Rio de Janeiro, na Praça XV", disse o gestor em relatório.

Diante do não pagamento dos dividendos sobre o exercício de 2014, o gestor questiona qual a razão que levaria um "investidor racional" a optar pela compra de uma ação PN ao invés uma ordinária, com direito a voto.

Nesse contexto, Póvoa, autor de livros sobre precificação de ações, avalia que a tendência de abertura do diferencial de cotações entre os papéis ON sobre os preferenciais, observada nos último tempos, deve continuar.

Em 2015, as ações ordinárias da Petrobras acumulam ganho de quase 45 por cento, enquanto os papéis preferenciais sobem um pouco menos de 30 por cento.

O sócio da Canepa também avalia que a decisão da empresa deverá dificultar muito as captações futuras a partir do uso de ações preferenciais.

"A empresa já declarou que não pretende fazer nenhuma capitalização em 2015. Porém, a partir de 2016, a nova realidade poderá obrigar a empresa a dispor da emissão de ações ordinárias para futuras emissões, o que limita muito o potencial de captação, dado que o governo tem dificuldades fiscais e não

deseja ver sua a sua participação diluir", afirmou.

Ele também não descarta risco em outras companhias.

"Essa deterioração da percepção quanto à qualidade de uma ação preferencial não é um "almoço grátis" para as empresas", disse Póvoa, avaliando que as companhias que sempre primaram em usar esse papel em emissões secundárias poderão ter dificuldades em convencer os investidores a partir de agora.

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