Correção - na versão anterior, apontamos uma valorização de 50% em um ano, mas o valor correto é em seis meses.
Investing.com – Os papéis preferenciais da estatal de petróleo Petrobras (BVMF:PETR4) acumulam valorização de mais de 50% em seis meses, chegando à máxima histórica das cotações ontem, 10. Segundo analistas consultados pelo Investing.com Brasil, o cenário está bem diferente em relação ao pessimismo dos investidores para os papéis no começo do ano, com dúvidas que pairavam sobre as políticas da companhia. Entre os motivos, estariam as altas no petróleo, mas também mudanças que não foram tão radicais quanto o temido.
João Daronco, analista da Suno Research, disse que as ações chegaram às máximas históricas devido às cotações mais elevadas do petróleo e uma política de preços ainda vantajosa. “O petróleo do tipo brent está em um patamar excelente para a empresa, o que é muito bom para a Petrobras e gera muito caixa nesse preço. Mesmo que a política de preços tenha mudado, é bastante positiva e traz bons resultados”, destaca Daronco.
Flávio Conde, analista da Levante, concorda que a política de preços alinhada ainda com o mercado internacional está entre os motivos para o otimismo com os papéis, assim como as cotações do petróleo, que permitem geração de caixa e bons pagamentos de dividendos. Conde avalia que, mesmo com o risco governamental, os investidores optaram pela ação por causa dos dividendos robustos. Assim, a empresa não só atingiu cotação recorde, mas distribuiu dividendos recordes também.
“Eu estava preocupado no final do ano passado antes do Lula assumir porque ele falava em abrasileirar o preço dos combustíveis, investir bastante e parar de pagar dividendos para o investidor estrangeiro. Praticamente nada disso foi feito. Oficialmente, acabou a parida de preços de importação (PPI), mas, ao mesmo tempo, a defasagem que existe não ficou grande e, no momento que ficou, o governo não só reajustou como fechou acordo com a Rússia, pois tinha muita gente importando diesel mais barato do que no mercado internacional de forma geral”, lembra o analista.
Na opinião de Conde, não vem sendo de interesse do governo federal alterar a política de dividendos devido à situação fiscal brasileira, tendo em vista que o Ministério da Fazenda busca alternativas para tentar fechar as contas e mitigar o déficit fiscal.
Além da manutenção de dividendos altos, como os preços da cotação da Vale (BVMF:VALE3) recuaram muito, Conde afirma que investidores, principalmente por meio de corretoras estrangeiras, precisaram buscar outro papel extremamente líquido na bolsa brasileira.
“Ao mesmo tempo, os investimentos da Petrobras foram reduzidos e foram priorizados os pagamentos de dívidas. A dívida líquida caiu bastante. Toda vez que isso acontece, o dinheiro da redução costuma ir para o preço da ação”.
Entre os riscos futuros para os dividendos, estariam um aumento substancial nos investimentos, em sua visão. “Se houver um investimento gigante na Margem Equatorial (BVMF:EQTL3) ou geração de energia eólica, haveria pequeno risco de redução dividendos, mas no curto prazo não tem”, acredita o analista da Levante.
Já o analista Einar Rivero aponta que as ações preferenciais da estatal registraram a terceira maior valorização anual desde 2000, com seu preço mais alto da história, com valores ajustados por proventos. A alta estaria atrás somente das altas históricas de 2016, “durante o impeachment da ex-presidente Dilma, e de 2007, durante o segundo mandato do presidente Lula”, detalha Rivero.
A valorização nos papéis estaria “alinhada com a tendência global de aumento nos preços do petróleo” e eventos geopolíticos, como os conflitos em Israel, vêm impulsionando as valorizações do barril de petróleo e, por consequência, beneficiando os papéis de companhias deste setor, incluindo a Petrobras.
De acordo com o analista Sérgio Cachoeira, as mudanças na política de preços foram melhores do que o mercado esperava – que era uma alteração mais radical frente às cotações internacionais. Houve, em sua visão, uma tempestade perfeita, com preço do barril em alta e refinarias da Petrobras atingindo 92% de capacidade, a maior em 9 anos.
Cachoeira pondera que o risco político segue no radar dos investidores, “o que ainda faz os múltiplos da Petrobras serem descontados frente aos pares internacionais”, no seu entendimento. “No entanto, a percepção internacional de que a companhia é uma opção viável de investimentos, combinando generosos dividendos, pode fazer com que as cotações não tenham atingido o teto”, completa.
Nesta quarta, 11, às 15h45 (de Brasília), as ações da Petrobras recuavam 0,68%, a R$34,98. A média das estimativas de analistas compiladas pela plataforma InvestingPRO para as ações preferenciais da Petrobras é de um preço-justo de R$52,48, potencial de valorização de 50,3%.
Fonte: InvestingPRO