RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) poderá ofertar metade da capacidade atualmente contratada nos dutos de transporte de gás para outros players, buscando seguir um plano do governo para quebrar monopólios no setor, afirmou nesta terça-feira diretora de Refino e Gás Natural, Anelise Lara.
Atualmente, 100% da capacidade dos dutos --incluindo TAG, NTS e Gasbol-- de cerca de 120 milhões de metros cúbicos de gás por dia está contratada com a Petrobras.
Neste ano, a petroleira fechou um acordo com o órgão antitruste Cade, que prevê a oferta dessa capacidade ociosa para o uso de outros players, em busca de aumentar a competitividade do setor e reduzir preços da tarifa de transporte.
A ideia é de que haja um rateio das tarifas de transporte.
"A gente definiu em vários pontos de saída qual seria a nossa demanda, e em uma média global a gente está falando de metade", afirmou Lara, explicando que a outra metade deverá ser ofertada ao mercado.
Segundo a executiva, o interesse da Petrobras após essa oferta de capacidade será negociar apenas o gás de seu próprio portfólio, abrindo espaço para que as petroleiras que produzem o insumo no país negociem os seus próprios volumes.
"Aquilo que hoje a gente compra dos parceiros, porque eles não conseguem comercializar o gás no Brasil, eles vão poder comercializar. A ideia é que eles mesmos comercializem o seu gás e tomem o risco do mercado", afirmou.
Em meio aos planos de abertura do setor de gás, a executiva também reiterou que a empresa está estudando um IPO para a venda de suas rotas de escoamento de gás.
"Quando colocar à venda o sistema de rotas, nossa intenção é ficar minoritário", disse.
A executiva informou que atualmente a demanda de gás da Petrobras está alta, por volta de 80 milhões a 85 milhões de metros cúbicos por dia, incluindo gás nacional, importado e Gás Natural Liquefeito (GNL), devido ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas que sustenta o consumo das térmicas. O patamar deverá persistir até pelo menos fevereiro.
GÁS DA BOLÍVIA Lara também comentou sobre as negociações com a boliviana YPFB sobre seu contrato de importação de gás da Bolívia, atualmente de 30 milhões de metros cúbicos por dia.
Segundo ela, as negociações estavam avançadas e a empresa aguarda a confirmação das eleições na Bolívia para que possam ser finalizadas.
O contrato termina no fim deste ano, mas deverá contar com um aditivo para que o gás comprado --mas não consumido-- pela Petrobras ao longo dos últimos 20 anos seja retirado, o que deverá ocorrer ao longo dos próximos três ou quatro anos.
A intenção da Petrobras no aditivo é reduzir a demanda para 20 milhões de metros cúbicos de gás.
(Por Marta Nogueira, Gram Slattery e Brad Haynes)