SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) voltará a elevar o preço médio da gasolina em suas refinarias a partir de sábado, ao maior patamar em cerca de quatro meses e meio, embora nas bombas esse movimento não esteja sendo observado, conforme dados da petroleira e da reguladora ANP.
De acordo com dados no site da estatal, o valor da gasolina subirá 1,5 por cento no sábado ante o praticado atualmente, para 1,8235 real por litro. Trata-se do nível mais alto desde o 1,8466 real visto em 2 de novembro.
Em uma semana, a cotação acumula alta de 5,5 por cento. Em 2019, o avanço nas refinarias chega a quase 21 por cento.
O ganho é reflexo direto da valorização das referências do petróleo no mercado mundial, diante principalmente de cortes de oferta pelo grupo de exportadores Opep e sanções norte-americanas ao setor petrolífero da Venezuela e do Irã. Nesta semana, os preços da commodity tocaram máximas em quatro meses.
Os reajustes quase que diários são praticados pela Petrobras desde meados de 2017 e visam acompanhar a paridade internacional, de modo a garantir participação à petroleira no mercado interno. No ano passado, após forte volatilidade, a empresa anunciou um mecanismo de hedge para aperfeiçoar essa sistemática, podendo congelar os valores nas refinarias por certo período de tempo, se necessário.
Nas bombas dos postos de combustíveis, contudo, tais reajustes da Petrobras não estão sendo acompanhados, segundo acompanhamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
O preço médio da gasolina Brasil afora nos postos fechou a semana passada em 4,243 reais por litro, queda de 2 por cento desde o início do ano. Os dados relativos a esta semana deverão ser publicados pela ANP mais tarde nesta sexta-feira.
O repasse de preços ao consumidor final depende da estratégia comercial das distribuidoras e revendedoras, do valor do etanol anidro misturado à gasolina, dentre outros fatores.
Em campanhas publicitárias veiculadas em 2018, a Petrobras frisava que o valor de seu produto nas refinarias equivale a um terço da cotação nas bombas.
O movimento da gasolina da Petrobras, que detém a maior parte do mercado do combustível do Brasil, é uma sinalização importante para segmento de açúcar e etanol --no caso do hidratado, o combustível é o concorrente direto do derivado de petróleo.
(Por José Roberto Gomes)