(Reuters) - A Petrobras (BVMF:PETR4) anunciou, nesta quinta-feira, uma redução de 4% nos preços do diesel nas refinarias a partir de sexta-feira, com o valor médio passando de 5,41 reais para 5,19 reais o litro, à medida que os preços internacionais do petróleo cederam diante de preocupações com a recessão global.
Esta é a segunda redução nos preços do combustível pela Petrobras este ano. A primeira, de 3,56%, entrou em vigor na sexta-feira passada, mas as cotações ainda estão em patamares elevados --em janeiro, a petroleira vendia o diesel a 3,61 reais/litro.
Especialistas ouvidos pela Reuters afirmam que a medida foi acertada, alinhada com o movimento internacional de queda, e que ainda há espaço para novas reduções sem gerar riscos para o abastecimento interno, já que o país é grande importador.
"Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para o diesel, e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio", disse a companhia em nota.
O preço médio do combustível no Brasil chegou a ficar 76 centavos de real, ou 17%, mais caro do que no exterior, na última terça-feira. O relatório desta quinta-feira aponta para uma diferença positiva de 60 centavos, ou 13%, segundo dados Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom).
A redução de 22 centavos pela Petrobras, portanto, ainda ficou abaixo da diferença observada nos últimos dias, o que é importante para garantir o abastecimento do país.
O Brasil importa cerca de 30% do diesel que consome. O preço mais alto no mercado interno tende a manter o interesse dos importadores de trazer o produto para o país.
"O mercado de diesel ainda está muito volátil por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia e possível corte de gás para Europa. Novos movimentos podem acontecer, mas nesse momento a Petrobras tinha uma defasagem de 23% e tinha espaço para reduzir", disse à Reuters o sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infrestrutura (CBIE) Pedro Rodrigues.
"Ainda tem muita volatilidade no mercado e a previsão de recessão econômica pode realmente reduzir o patamar de preços", comentou o ex-diretor da reguladora ANP Helder Queiroz.
Em outra linha, o economista Aurélio Valporto, da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), avalia que a redução poderia ser ainda maior se o país fosse autossuficiente na produção e se a companhia não praticasse o Preço de Paridade de Importação (PPI).
"Se o parque de refino fosse ampliado, seria mais barato. O que estamos discutindo não é o quanto custa, mas sim como esse PPI afeta emprego, renda e a economia", disse Valporto.
(Por Rafaella Barros, Gabriel Araujo e Rodrigo Viga Gaier)