Investing.com - As ações da Petrobras subiam nesta quarta-feira, 04, após o senador Jean Paul Prates (PT-RN), que foi indicado à presidência da estatal, afirmar que alterações na política de paridade de preços não devem ser viabilizadas com intervenções diretas do governo no mercado. Às 15h25, as ações preferenciais (BVMF:PETR4) apresentavam alta de 3,58%, a R$23,15, enquanto as ordinárias subiam 2,48% a R$ 26,44.
Em evento durante a cerimônia de posse de Geraldo Alckmin no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Prates disse que qualquer anúncio será realizado em um ambiente de previsibilidade para o mercado. A ideia é desvincular preço de paridade de importação (PPI), conforme sinalizado anteriormente pelo executivo.
As declarações não foram exatamente novidade, mas serviam como argumento para a melhora dos papéis após quedas seguidas e sensibilidade de agentes financeiros ao tema. "A afirmação de Prates de que os preços serão de mercado com influência da oscilação internacional ao invés de um preço 'abrasileirado' como sugerido anteriormente deu grande alivio ao preço das ações da Petrobras', afirmou Ricardo Campos, diretor de investimentos da Reach Capital.
Durante a manhã, a Petrobras confirmou a renúncia de Caio Mário Paes de Andrade como presidente da companhia, a partir de hoje. Assume interinamente o Diretor Executivo de Desenvolvimento da Produção, João Henrique Rittershaussen, até que ocorra a eleição e posse do novo presidente.
A alta das ações da Petrobras divergia da queda da cotação do petróleo no mercado internacional. A commodity recuava em meio a preocupações com uma desaceleração ou recessão global, enquanto a China segue enfrentando problemas em combater a covid-19 no país após anunciar a flexibilização das medidas restritivas.
Às 15h25, os futuros do petróleo bruto dos EUA West Texas Intermediate desabavam 4,39%, a R$73,55. Já os futuros do brent tinham queda de 4,34%, a US$78,54.
Enquanto isso, a Petrorecôncavo (BVMF:RECV3) subia 1,58%, a R$31,52, a PetroRio (BVMF:PRIO3) estava estável a R$34,33 e 3R Petroleum Óleo e Gás SA (BVMF:RRRP3) subia 0,09%, a R$34,71.
Reforço da proposta de política de preços
Prates já havia dito anteriormente que a política de preços de combustíveis do país irá mudar no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas ressaltara na ocasião que isso não significa descolar totalmente os valores pela estatal dos praticados no mercado internacional.
"Quando falamos em extinguir ou parar de usar o PPI como referência, não é que vamos desgarrar o preço completamente do mercado internacional, o país não é louco, não vamos criar uma economia paralela no Brasil", disse no último dia 30, quando Lula anunciou a indicação dele para a presidência da empresa.
Cautela
Nos dois primeiros pregões do ano, as PNs contabilizaram um declínio de quase 9% e as ON, de cerca de 8%, em meio a preocupações com a estratégia da companhia no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reforçou em discursos o relevante papel da empresa no desenvolvimento do país.
Analistas têm adotado uma visão cautelosa sobre a empresa, diante de possíveis mudanças na estratégia de longo prazo e dúvidas sobre sua futura alocação de capital, bem como acerca das políticas de dividendos e preços de combustíveis, não descartando aumento na volatilidade dos papéis.
Desde a eleição de Lula em 30 de outubro, as PNs da Petrobras acumulam queda em torno de 19% e as ONs da companhia cedem cerca de 17%, distante das suas máximas históricas intradia de 33,59 reais e 37,43 reais, respectivamente, apuradas também em outubro do ano passado.
*Com informações de Reuters