Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) elevará o preço médio do diesel nas refinarias a partir de quinta-feira em 4,2% e o da gasolina em 3,5%, informou a assessoria de imprensa da estatal à Reuters, após ataques a instalações da Saudi Aramco no fim de semana terem elevado os valores internacionais do petróleo.
O anúncio vem após o presidente Jair Bolsonaro ter dito na segunda-feira que a estatal não planejava aumentar de imediato os valores dos combustíveis, indicando que a empresa poderia afrouxar temporariamente sua regra de preços de mercado.
Após os ataques no fim de semana, os preços do petróleo dispararam 15% na segunda-feira, com o Brent registrando o maior ganho percentual diário em mais de 30 anos e volumes recordes de negócios, perdendo força nos dois dias seguintes.
De sexta-feira até agora, o barril do Brent --referência internacional-- acumulou alta de 5,6%, fechando nesta quarta-feira a 63,60 dólares por barril.
"Aguardar a estabilização dos preços após o evento na Arábia Saudita era necessário", disse o presidente do Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, adicionando que os ajustes anunciados nesta quarta dão claro sinal de que a empresa está caminhando para praticar preços alinhados com o mercado internacional.
Os valores de gasolina e diesel vendidos pela Petrobras às distribuidoras têm como base a paridade de importação, formada pelas cotações internacionais destes produtos mais os custos para importadores, como transporte e taxas portuárias.
Mas desde uma histórica greve dos caminhoneiros, em maio do ano passado, a empresa vem buscando evitar repassar a volatilidade do mercado externo para os clientes.
"O ajuste que ela fez (no diesel) está muito próximo do que reflete a paridade de importação no mercado internacional agora. Então está equalizando as condições de mercado, está seguindo as condições de mercado", afirmou o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva.
Apesar da alta da gasolina, Silva calcula que o combustível tenha ainda uma defasagem de cerca de 0,12 real por litro em relação à paridade de importação.
O ataque às instalações da Aramco chegou a retirar de operação 5,7 milhões de barris por dia em capacidade, mas depois a empresa informou que grande parte já foi restabelecida e que a produção total será rapidamente restaurada.
A tensão no Oriente Médio segue elevada, após o ministro da Defesa saudita mostrar destroços de drones e mísseis, dizendo que são evidências "inegáveis" de agressão iraniana.
Os repasses dos reajustes aos consumidores finais dependem de vários fatores, como margens de distribuidoras e revendedoras, tributos e mistura de biocombustíveis.
(Por Marta Nogueira)