Por Dmitry Zhdannikov e Ron Bousso
LONDRES (Reuters) - Em um momento em que o mundo assiste a um espetacular crescimento na produção de petróleo e gás de xisto dos Estados Unidos, o presidente da gigante de energia francesa Total vai na direção contrária, e diz que essa é uma área em que a empresa não pretende crescer.
Ao invés disso, o CEO da Total, Patrick Pouyanne, disse à Reuters que pretende levar vantagem sobre seus rivais ao buscar reservas mais baratas em outros lugares, incluindo o xisto na Argentina e em águas profundas no Golfo do México.
"Petróleo de xisto é muito caro", disse Pouyanne, que fechou negócios estratégicos para a Total no Brasil, nos Emirados Árabes Unidos, Catar e Irã desde que assumiu como presidente executivo da companhia no final de 2015.
O problema é o preço dos ativos, disse Pouyanne. O custo de comprar terras para explorar depósitos de xisto explodiu, assim como o preço para aquisição de empresas que já possuem direitos de desenvolvimento. Um acre de terra na bacia de Permian, no Texas, passou de mil dólares em 2012 para 50 mil dólares no ano passado, segundo a consultoria WoodMackenzie.
A Total, maior companhia da França, está retornando cautelosamente a novos projetos após cortes de custos, e neste ano a empresa deve dar o primeiro passo desde 2014 para desenvolver o projeto de gás Vaca Muerta, na Argentina, onde os custos de terras são bem menores que na América do Norte. A primeira fase deve custar cerca de 500 milhões de dólares.
A empresa também vê grandes oportunidades no Golfo do México, onde acredita que ela e outros poucos rivais têm a necessária experiência para perfuração em águas profundas. "Hoje, é um jogo de apenas cinco ou seis players", disse Pouyanne.
A Total vai elevar sua produção em cerca de 30 por cento durante esta década, e a empresa já surpreendeu o mercado com crescimento maior que o esperado nos últimos trimestres, com novos barris vindo de projetos em Angola, Rússia e Brasil.
A fórmula de Pouyanne é se concentrar em campos que continuarão competitivos após a demanda global por petróleo finalmente alcançar seu pico e começar a cair.
"Vamos nos concentrar em petróleo de baixo custo. Não me diga que preciso investir em barris de mais alta tecnologia, porque o baixo custo é a resposta para a volatilidade e para o pico do petróleo", disse ele, lembrando que foi com essa visão que a empresa apostou na renovação de uma concessão de longo prazo para produção em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.