Integrantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que o cenário atual está mais favorável para o pagamento dos proventos extraordinários da Petrobras (BVMF:PETR4) sem comprometer o plano de investimentos da estatal. Os principais motivos são a alta do dólar e o preço do petróleo.
Com a nova visão, a Petrobras deve pagar metade dos R$ 43,9 bilhões que poderiam ter sido pagos referentes ao lucro da estatal em 2023. Em março, o bloqueio desse valor levou a uma crise que quase culminou na demissão de Jean Paul Prates da presidência da petroleira.
Essa nova avaliação foi feita na reunião do CA (Conselho de Administração) da Petrobras, realizada na 6ª feira (19.abr). Depois do encontro, a estatal publicou fato relevante (PDF – 464 kB) que foi lido pelo mercado como um aval do colegiado ao pagamento de metade dos proventos, de quase R$ 22 bilhões.
A diretoria apresentou números aos conselheiros mostrando que, ao pagar 50% dos dividendos, a chance de realizar os investimentos programados pela empresa é de 85%. Nas reuniões anteriores do conselho, falavam em 60%.
Na reunião de 7 de março, quando foi encaminhado que a empresa não faria nenhum pagamento, o dólar estava cotado a R$ 4,93. Na 6ª feira, R$ 5,20. Já o barril do petróleo brent passou de US$ 82,96 para US$ 87,29.
Esses números convenceram os conselheiros ligados aos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil). Ambos tinham como condição para o pagamento de dividendos extraordinários a manutenção do plano estratégico de investimentos da estatal.
O conselho da Petrobras quase inteiro foi convencido que é possível pagar metade dos dividendos. A única contra foi Rosangela Buzanelli Torres, que representa os trabalhadores da empresa. Ela é a favor de reter todo o valor.
O governo é o principal beneficiado com o pagamento dos dividendos, uma vez que é o maior acionista. O Tesouro estima, por baixo, um incremento de R$ 6 bilhões fora das receitas previstas. O ministro Fernando Haddad (Fazenda) defendia o pagamento integral dos proventos, o que renderia aos cofres públicos cerca de R$ 12 bilhões.
Decisão na 5ª feira
A AGO (Assembleia Geral Ordinária) que decidirá sobre os dividendos será na 5ª feira (25.abr). Ali será batido oficialmente o martelo. A reunião também definirá a nova formação do Conselho de Administração.
Na 2ª feira (22.abr), ao ser questionado se seriam pagos os 50% dos dividendos, o ministro Alexandre Silveira disse que essa é a “tendência“. Ele lembrou que, no passado, “teve conselheiro do governo que se absteve“. Se referia ao atual presidente, Jean Paul Prates.