Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Manchas de óleo que vêm atingindo as praias do Nordeste desde o início de setembro são uma mistura de material proveniente de três campos de petróleo da Venezuela, afirmou nesta sexta-feira o diretor de Assuntos Corporativos da Petrobras (SA:PETR4), Eberaldo Neto.
O executivo frisou, no entanto, que ainda não foi possível identificar como o petróleo foi liberado na costa do Brasil. Ele afirmou que "provavelmente" o vazamento teve início em um navio de passagem pelo litoral.
"A gente fez análises com mais de 30 amostras e concluiu que é de três campos venezuelanos. É um ‘blending’, a origem do petróleo é lá”, disse o executivo, durante coletiva de imprensa sobre os resultados da companhia no terceiro trimestre.
Ele destacou que descobrir como aquele petróleo foi parar nas praias será muito difícil e apontou como provável que o material tenha vindo de atividade ilegal.
"Quando a origem é oculta, porque inclusive os navios que passam e ‘tradam’ com petróleo venezuelano normalmente, com medo de sanção, desviam dos localizadores, fica muito mais difícil. Está partindo para um mundo que você não tem controle”, afirmou.
Neto destacou que a companhia está trabalhando junto aos órgãos de Estado desde que foi acionada pelo governo, em setembro, e que já recolheu mais de 340 toneladas de resíduos oleosos (óleo e areia) nas praias.
Ele ressaltou também a dificuldade na atividade de contenção do óleo, uma vez que o material é muito pesado e se locomove de maneira submersa pelo mar. "Ele não vem pela superfície", frisou.
"O mecanismo de captura tem sido quando a maré e a corrente jogam [o óleo] para a praia. Infelizmente tem sido desse jeito porque os mecanismos que a gente detêm são agulha no palheiro para pegar, por conta da característica do óleo", disse.
A petroleira estatal tem enviado equipamentos de proteção individual para voluntários que estão participando do recolhimento do petróleo.
Todo o trabalho que vem sendo feito pela Petrobras em relação ao óleo no litoral nordestino está tendo os custos contabilizados, e posteriormente o governo deverá ressarcir a petroleira estatal, segundo Neto.