RIO DE JANEIRO (Reuters) - O consórcio da promissora área de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, precisa ser liberado da atual obrigação de conteúdo local para que a plataforma piloto do projeto, prevista para 2020, seja licitada, afirmou nesta quarta-feira a diretora de Exploração e Produção da Petrobras (SA:PETR4), Solange Guedes.
A executiva, no entanto, mostrou-se confiante em uma autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a liberação da obrigação contratual.
"Dado a consistência e a quantidade muito relevante de informações que temos colocado na agência, o consórcio de Libra acredita que estamos caminhando positivamente em relação à ANP", afirmou.
Solange ressaltou que a licitação chegou a considerar cumprir o conteúdo local previsto em contrato, ao ter início em 2016, mas precisou ser reformulada por ter recebido ofertas de valores contratuais muito altos devido à obrigação.
Isso não quer dizer que a empresa não poderá contratar equipamentos no Brasil, segundo ressaltou a assessoria de imprensa da Petrobras, após entrevista de diretores a jornalistas.
A ideia é que o projeto seja realizado sem impactos no custo ou prazo causados pela obrigação de conteúdo local.
A empresa também considera como fator negativo para a licitação de Libra a impossibilidade de a gigante de aluguel de embarcações SBM (AS:SBMO) participar, já que a empresa está proibida de contratar com a Petrobras até que um acordo de leniência seja fechado, segundo explicaram diretores.
Além da plataforma de Libra, a Petrobras está contratando uma plataforma para o campo de Sépia, também em Santos, e outras duas plataformas ainda devem ser licitadas neste ano, segundo o diretor de desenvolvimento da Produção e Tecnologia, Roberto Moro.
Ele disse que uma plataforma leva cerca de um ano para ser licitada e três anos para ser construída.
CONTRATAÇÃO DE ESTRANGEIRAS
A contratação de empresas com sede no Brasil tem sido difícil, uma vez que uma lista muito grande delas está impedida de fechar novos negócios com a Petrobras, após evidências de que teriam participado de um esquema bilionário de corrupção, investigado pela Operação Lava Jato.
O diretor de Governança, Risco e Conformidade da Petrobras, João Elek, destacou que uma solução para o bloqueio cautelar das empresas pode ser encontrada neste primeiro trimestre, mas não entrou em detalhes.
A Petrobras abriu na semana passada a licitação para a construção da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Comperj, em Itaboraí (RJ), convidando cerca de 30 empresas, muitas delas estrangeiras com alguma presença no Brasil.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, destacou que a empresa não tem obrigação contratual de conteúdo local na área de refino e distribuição e explicou que empresas estrangeiras com atuação no Brasil também geram emprego e renda.
"Ter um viés e um ranço ideológico contra quem venha de fora investir no nosso país, no meu modo de ver, contraria os interesses do nosso próprio país... o que a gente precisa é de investimentos", afirmou Parente.
A UPGN do Comperj, que ainda necessita de cerca de 2 bilhões de reais, deverá demandar até cinco meses para ser contratada e outros cerca de dois anos e meio para ser concluída. Aproximadamente 500 milhões de reais já foram investidos no ativo e 30 por cento da infraestrutura já foi construída, segundo Moro.
(Por Marta Nogueira)