Voltou a narrativa de recessão nos EUA, mas ainda sem dados conclusivos

Publicado 05.08.2025, 15:07

À primeira vista, os títulos alarmistas sugerem que uma recessão nos Estados Unidos seria apenas questão de tempo. Mas, ao observar um conjunto mais amplo de indicadores macroeconômicos, o diagnóstico ainda está longe de ser consenso.

No domingo, o economista-chefe da Moody’s Analytics, Mark Zandi, alertou que “a economia está à beira de uma recessão”. Já Luke Tilley, economista-chefe do Wilmington Trust, ponderou: “Estamos em um processo de desaceleração econômica mais amplo. A dúvida agora é se isso vai se traduzir ou não em uma recessão. O mercado de trabalho é a peça-chave, e é difícil prever o que acontecerá com ele.”

A corrida para prever o comportamento da maior economia do mundo, de US$ 24 trilhões, está novamente em alta. Trata-se de um exercício sedutor, mas que tem um histórico repleto de sinais falsos. Sempre haverá outra recessão no horizonte, a dificuldade está em prever quando ela chegará.

Zandi, por exemplo, já havia dito em março que “os riscos de recessão estão desconfortavelmente altos, e crescentes”.

De fato, o histórico de previsões sobre o ciclo econômico é apenas um pouco melhor do que o puro acaso. O motivo: há uma infinidade de variáveis que influenciam a atividade econômica, fator que frequentemente surpreende até mesmo os economistas mais experientes.

Ainda assim, em vez de abandonar por completo a análise econômica, a Capital Spectator prefere manter um método testado ao longo do tempo, baseado em duas etapas: primeiro, a estimativa das condições atuais (nowcasting); depois, projeções cautelosas para os dois ou três meses seguintes. Essa abordagem foi desenvolvida, refinada e publicada semanalmente no boletim US Business Cycle Risk Report.

Na edição mais recente, o modelo estima uma probabilidade de apenas 3% de que os EUA já estejam em uma recessão nos moldes definidos pelo NBER (National Bureau of Economic Research). A estimativa é calculada a partir de uma série de indicadores próprios e de terceiros, resumidos no Índice Composto de Probabilidade de Recessão (CRPI). Embora imperfeito, como qualquer modelo, o CRPI tem se mostrado uma ferramenta útil para filtrar ruídos e acompanhar o ciclo econômico.Índice CRPI - Estimativas diárias

O ponto fraco do CRPI é que ele reflete o presente, com base nos dados econômicos mais recentes, que, por sua natureza, chegam com atraso. Embora seja possível estimar com razoável precisão o que está ocorrendo agora (ou o que aconteceu há poucas semanas), a questão central permanece: para onde vai a economia?

A resposta curta: ninguém sabe. Simples assim. A economia americana, como um navio de grande porte, não muda de direção com facilidade, a não ser que seja atingida por um choque exógeno. Com isso, é possível fazer projeções cautelosas e calcular cenários com base em estimativas estatísticas.

É nesse ponto que entram os indicadores proprietários de tendência e de momentum econômico, Economic Trend Index (ETI) e Economic Momentum Index (EMI). Em cada edição do boletim, é rodado um modelo econométrico para projetar a trajetória provável desses índices nos próximos meses. O gráfico mais recente mostra estimativas até setembro.Indicadores EMI e ETI

O principal destaque: ambos os indicadores permanecem acima de seus respectivos pontos de inflexão, 50% para o ETI e 0% para o EMI, que separam crescimento de recessão. Ainda assim, os dados sugerem que os dois podem estar se aproximando de um pico. Isso indica que problemas podem surgir no quarto trimestre. Mas trata-se apenas de uma hipótese, que deve ser vista com ceticismo.

Embora o desejo por previsões de longo prazo seja infinito, a confiança estatística em estimativas mais robustas se restringe, na melhor das hipóteses, aos próximos dois meses. Dentro desse horizonte, uma recessão oficial definida pelo NBER parece improvável. A partir daí, é outra história, e a única forma prudente de lidar com ela é seguir atualizando a análise à medida que os novos dados chegam.

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