Por Flavia Bohone
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa recuou nesta quarta-feira, com o cenário político doméstico inspirando cautela e as ações da Vale (SA:VALE5) caindo forte, na esteira da queda nos preços do minério de ferro.
Os papéis da JBS (SA:JBSS3), por outro lado, avançaram cerca de 9 por cento após acordo de leniência de sua controladora, a J&F, com o Ministério Público Federal (MPF).
O Ibovespa fechou em baixa de 1,96 por cento, a 62.711 pontos, encerrando o mês com baixa de 4,12 por cento. O volume financeiro do pregão somou 11,6 bilhões de reais.
O mercado acionário tem estado volátil desde a delação de executivos da JBS e da J&F, há duas semanas, que resultou em denúncias contra o presidente Michel Temer, colocando em xeque a permanência dele no comando do país.
Desde então, o governo tem se esforçado para fazer com que a agenda legislativa siga adiante, o que tem amparado alguma recuperação no mercado. No entanto, as incertezas políticas permanecem e não abrem espaço para o Ibovespa retomar o patamar antes da crise, ao redor de 68 mil pontos.
A sessão desta terça-feira teve ainda o rebalanceamento do índice global MSCI e suas subdivisões, incluindo a do Brasil, que passa a valer no fechamento desta quarta-feira. O ajuste da carteira conta com a entrada das units da Taesa e exclui as units da AES Tietê Energia.
O Banco Central divulgará ainda nesta quarta a decisão sobre o rumo da taxa básica de juros, com as expectativas apontando corte de 1 ponto percentual. Antes da crise, vinham crescendo as apostas de redução de 1,25 ponto percentual.
DESTAQUES
- VALE PNA caiu 4,62 por cento e VALE ON perdeu 5 por cento, após quatro pregões seguidos de ganhos para os papéis da mineradora e em sessão de baixa para os futuros do minério de ferro na China, que caíram para o menor patamar desde novembro.
- PETROBRAS PN cedeu 2,99 por cento e PETROBRAS ON recuou 3,88 por cento, acompanhando o movimento dos preços do petróleo no mercado global, que caíram forte com o aumento da produção da Líbia alimentando a preocupação de que os cortes liderados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo estão sendo prejudicados por vários países que estão excluídos do pacto.
- BRF (SA:BRFS3) ON caiu 4,27 por cento, tendo como pano de fundo o rebalanceamento do índice MSCI que entra em vigor no fechamento desta sessão e, entre outras mudanças em sua revisão semestral, reduziu o peso dos papéis da BRF em sua composição.
- JBS ON subiu 9,05 por cento, após a sua controladora J&F fechar acordo de leniência com o Ministério Público Federal com pagamento de multa de 10,3 bilhões de reais. Na máxima, o papel avançou quase 9,5 por cento,. As ações da empresa têm mostrado forte volatilidade desde o acordo de delação de seus executivos, com investidores atentos a todas as notícias envolvendo a empresa.
- BTG PACTUAL UNIT caiu 6,23 por cento. No radar estavam a notícias de que o ex-ministro Antonio Palocci disse aos procuradores do Ministério Público Federal, durante negociações de delação premiada, que a compra de participação no Banco Panamericano pela Caixa Econômica Federal, em 2009, atendeu interesse do banqueiro André Esteves.