O Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Mato Grosso (Sindifrigo-MT) afirma que frigoríficos do Estado, o maior produtor de carne bovina do País, podem fechar as portas por falta de gado para o abate. Em nota divulgada nesta segunda-feira, 16, a entidade afirma que a menor oferta de cabeças de gado tem prejudicado frigoríficos de menor porte, que vendem para o mercado interno e têm menor capacidade de absorver altas de preço do gado.
De acordo com o sindicato, as 33 indústrias frigoríficas mato-grossenses trabalharam com apenas 58,57% da capacidade de abate em 2020. O faturamento aumentou 45% entre 2018 e o ano passado, mas a quantidade de animais abatidos caiu, de 5,3 milhões para 5,1 milhões. Segundo o Sindifrigo-MT, os dois números mostram o encarecimento dos animais tanto para o consumidor final quanto para os frigoríficos.
"Mesmo com a redução no número de abate, a arrecadação aumentou em 45%, em decorrência dos preços maiores. Bons números a serem comemorados, se não fossem os problemas que atingem a indústria no Estado", diz Paulo Bellincanta, presidente do Sindifrigo-MT, em nota.
O maior problema, de acordo com o texto, é a falta de cabeças de gado para abate, o que aumenta a concorrência por matéria-prima entre as indústrias e eleva mais os preços. A redução do rebanho seria consequência do abate de matrizes e novilhas nos últimos anos, que teria reduzido a capacidade de reposição de cabeças de gado.
Segundo o sindicato, esse contexto favorece frigoríficos exportadores, que vendem a maior parte de seus produtos em dólar e que portanto, teriam uma margem de manobra maior em sua estrutura de custos. A entidade acredita que o equilíbrio entre os dois segmentos viria caso a utilização da capacidade retornasse a patamares próximos a 80%.
O Sindifrigo-MT pede ajuda governamental para evitar a quebra de indústrias menores, sem detalhar quais medidas pleiteia. "O Estado pode e cabe a ele a responsabilidade social de auxiliar uma determinada atividade, atingida por fatores externos, para que ela possa buscar novamente um equilíbrio", diz Bellincanta. "Neste momento se faz urgente uma ação governamental para amenizar e permitir que as pequenas empresas atravessem este período sem danos maiores. Danos que poderiam atingir de pecuaristas a trabalhadores."
O sindicato afirma que a maior parte das empresas não exportadoras do setor em Mato Grosso gasta menos com a folha de pagamento do que com o recolhimento de ICMS, situação vista como anormal. Segundo o Sindifrigo-MT, os frigoríficos empregam 25.560 pessoas no Estado.