Em um dia marcado pela forte aversão ao risco interna, motivada pela piora da situação institucional e pela pressão da ala política contra o teto de gastos, um novo fator de estresse fiscal surgiu ao fim da tarde, piorando adicionalmente os ativos, conforme relatos de operadores.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o governo Jair Bolsonaro voltou a discutir mudanças nas regras de pagamento de precatórios após identificar um crescimento expressivo dessa despesa na elaboração da proposta de Orçamento para 2022.
Uma tentativa semelhante para atacar a conta elevada dos precatórios foi feita no ano passado, durante a tramitação do Orçamento de 2021, na tentativa de liberar espaço para lançar o Renda Cidadã, programa social turbinado do governo. Na época, discutiu-se limitar o pagamento dessas sentenças a um porcentual da receita corrente líquida (RCL). Mas não houve sucesso, dada a reação forte do mercado financeiro e de especialistas em contas públicas.
Há uma avaliação no governo e nos líderes governistas ouvidos pelas repórteres Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli que a proposta do ano passado foi mal comunicada e elaborada.
Com esta situação no foco, o dólar futuro ampliou o movimento de alta e chegou a entrar em leilão. Ao fim, a moeda para setembro saltou a R$ 5,2330, valorização de 2,61%. O giro financeiro foi de US$ 18,7 bilhões.
Nos DIs, a reação foi mais comedida. A taxa do janeiro 2023 passou de 7,81% a 7,85% e a do janeiro 2024 foi de 8,40% a 8,42%. A do janeiro 2027 ficou em 9,04%.