SÃO PAULO (Reuters) - A indústria brasileira de veículos seguiu em julho tendência iniciada com a flexibilização das medidas de isolamento social pelo país e elevou a produção em 73% sobre junho, incentivada por incremento de vendas no mercado interno e retorno de alguns embarques de exportação.
O setor produziu 170,3 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus em julho, mas o volume ainda representa uma queda sobre o desempenho de um ano antes, de 36,2%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pela associação que representa as montadoras, Anfavea.
"Praticamente todas as montadoras estão agora produzindo, mas num ritmo menor que antes", disse o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes. "As montadoras voltaram com um só turno e mesmo aquelas que voltaram com dois turnos, fizeram isso por conta dos cuidados para terem menos concentração de pessoas nas linhas de produção", acrescentou.
As vendas de julho subiram 31,4% sobre junho, terceira alta mensal consecutiva, para 174,5 mil unidades. Isso equivale a uma média por dia útil em julho de 7,6 mil veículos ante médias de 6,3 mil em junho e 10,6 mil em julho do ano passado.
No acumulado do ano sobre o mesmo período de 2019, a indústria mostra quedas de 48,3% na produção e de 36,6% nos licenciamentos.
A retração na atividade do setor implicou até agora demissões de 3.500 trabalhadores do setor, que encerrou julho com 122,5 mil postos de trabalho ocupados.
O setor tinha no mês passado estoque de montadoras e concessionárias 138,3 mil veículos novos, segundo dados da Anfavea, ante 157,6 mil em junho. Moraes afirmou que o volume de julho equivale a uma comercialização durante 24 dias e que a indústria está se ajustando para operar "neste novo ritmo do mercado".
Apesar disso, ele afirmou que ainda é cedo para fazer estimativas de desempenho do setor até o final do ano, diante das incertezas trazidas pelos impactos das medidas de isolamento social sobre a economia.
O executivo comentou ainda que os bancos voltaram a conceder financiamentos para aquisição de veículos, mas que os juros cobrados, em média, no crédito direto a consumidor (CDC) estão elevados, da ordem de 19% ao ano.
Na quarta-feira à noite, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu reduzir a taxa básica de juros do país (Selic) para 2% ao ano.