RIO DE JANEIRO (Reuters) - A petroleira Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) avaliará aumentar sua participação no bloco BM-S-8, caso a Petrobras, operadora da área com 66 por cento, decida se desfazer de parcela do ativo, afirmou nesta quinta-feira o presidente da empresa, Lincoln Guardado.
"Dentro do que a Petrobras tem falado, de eventualmente fazer algum desinvestimento em área em desenvolvimento, e não em produção, sem dúvida BM-S-8 pode trazer algum tipo de prioridade nesse sentido", afirmou o executivo, durante teleconferência para comentar os resultados da petroleira no primeiro trimestre.
"Se isso vier, vamos, no devido momento, avaliar."
A QGEP tem hoje 10 por cento do BM-S-8.
Guardado destacou ainda o interesse em avaliar outros eventuais desinvestimentos da Petrobras, inclusive no pré-sal, mas destacou que a prioridade será respeitar as limitações de investimento da QGEP no longo prazo.
O bloco BM-S-8 contém a descoberta de Carcará, considerada bastante promissora pela QGEP. De acordo com o presidente da companhia, o cronograma da área está correndo conforme o esperado e não há indicações de possíveis postergações.
Em março, a petroleira chegou a considerar possíveis atrasos, devido a fatores conjunturais da indústria e a uma dificuldade de escoamento do gás na Bacia de Santos.
O Teste de Longa Duração da área está previsto para 2017.
O BM-S-8 será responsável por 35 por cento dos investimentos líquidos planejados pela QGEP para o biênio 2015 e 2016, de 352 milhões de dólares. A segunda área em volume de investimentos no período é o BM-S-4, onde estão os campos de Atlanta e Oliva.
Segundo Guardado, a necessidade de capital para fazer frente aos investimentos está "plenamente coberta".
O início da extração de petróleo da empresa, que hoje produz apenas gás, está previsto para meados de 2016, no campo de Atlanta.
Guardado destacou que o preço do petróleo não afeta a empresa atualmente e afirmou acreditar que o barril está se estabilizando acima de 60 dólares. Segundo ele, diversas projeções apontam para uma recuperação para o próximo ano.
A QGEP teve lucro líquido de 28,9 milhões de reais no primeiro trimestre, alta de 15,1 por cento na comparação anual.
CAMPO DE MANATI
Único ativo em produção da companhia, o campo de Manati, na Bacia de Camamu-Almada, um dos principais produtores de gás do país, produziu média diária de 5,7 milhões de metros cúbicos por dia (m3/d) de gás natural no primeiro trimestre, ante 5,9 milhões de m3/d no quarto trimestre.
A empresa espera uma recuperação da produção no segundo semestre, após a conclusão da instalação da unidade de compressão de gás do campo. Será necessária uma parada da produção de 20 dias para conectar a unidade ao sistema de produção do campo, segundo Guardado.
Dessa forma, o executivo adiantou que a produção no segundo trimestre deve ser de 4,5 milhões de m3/d de gás. A média do ano deverá ser de 5,5 milhões de m3/d.
A QGEP é a sócia majoritária de Manati, com 45 por cento, mas a operação é da Petrobras, com 35 por cento. As outras sócias são a Brasoil Manati e a Geopark, com 10 por cento de participação cada uma no campo.
(Por Marta Nogueira)