O S&P 500 futuro apresentava leve queda antes da abertura dos mercados em Nova York nesta quinta-feira, 4, estendendo as perdas de ontem após o anúncio da decisão de juros do Federal Reserve na tarde de ontem.
O principal índice acionário dos EUA recuou 0,7% na quarta-feira, enquanto o Dow Jones Industrial e o índice composto da Nasdaq se desvalorizaram 0,8% e 0,46%, respectivamente, diante da posição do banco central americano de elevar os juros em mais 0,25%.
Os investidores ainda estão digerindo o anúncio do Fomc, comitê de política monetária dos EUA, na medida em que as autoridades do banco retiraram algumas declarações que apontavam para mais elevações das taxas, ressaltando que permanecerão atentas aos dados, antes de decidir sobre os próximos passos. O último aumento de juros elevou a taxa básica de referência (Federal Funds) para a faixa-alvo de 5% a 5,25%, nível mais alto desde 2007.
O Fed procurou utilizar uma linguagem que não indicasse explicitamente uma pausa nas elevações de juros no futuro, mas vinculou a política monetária norte-americana ao comportamento dos próximos dados econômicos.
Mesmo assim, a queda do mercado acionário só ocorreu depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, disse aos investidores que o Fomc "não cortaria os juros” se a inflação permanecesse desconfortavelmente elevada.
"Nossa visão, no comitê, é que a inflação não cairá de forma tão rápida”, declarou Powell durante a coletiva de imprensa.
“Levará algum tempo e, nesse ínterim, se essa previsão estiver correta, não seria apropriado cortar os juros, e não vamos fazer isso”.
Quando o Fed começará a cortar os juros?
O presidente do Fed afirmou que um “pivô” seria uma “mudança significativa", na medida em que o Fomc “não estava mais dizendo que esperava um aperto maior da política”.
A próxima reunião do FOMC está prevista para os dias 13 e 14 de junho. De acordo com a ferramenta Monitor de Juros do Fed} , do Investing.com, o mercado considera atualmente uma possibilidade de 10% de que o Fed aumente as taxas de juros novamente em junho.
De acordo com o mercado de juros futuros, as chances de que o Fed corte os juros na reunião de setembro são maiores que 70%. Essa também é a visão dos analistas do JPMorgan (NYSE:JPM), para quem as preocupações com o crescimento e a desaceleração da inflação pavimentarão o caminho para que o Fed comece a cortar juros em breve.
"As autoridades do banco central não irão falar em cortes de juros por enquanto, pois não podem declarar vitória contra a inflação e não vão forçar o mercado a precificar ainda mais”, disseram os estrategistas do banco à Bloomberg em uma entrevista.
Eles lembraram aos investidores que o histórico indicava que o intervalo entre o último aumento e o primeiro corte geralmente era de seis a sete meses.
"Na verdade, acreditamos que isso possa ocorrer mais cedo, haja vista que vimos o mais rápido ciclo de aperto desde a década de 1980, portanto pode ser que ocorra um corte já em setembro".
Os analistas do Wells Fargo (NYSE:WFC) concordam que o Fed será forçado a cortar os juros antes do fim do ano, embora não acreditem que isso ocorrerá tão cedo quanto defendem seus colegas do JPMorgan.
“Acreditamos que o Fomc começará a cortar juros no fim de 2023 e nossa previsão é que o ciclo de flexibilização continuará em vigor durante boa parte de 2024”, escreveram os analistas em nota.
Na quinta-feira pela manhã, o mercado de juros futuros esperava que a taxa dos Fed Funds terminasse o ano em 4,33%.
O que os analistas estão dizendo sobre o Fed
Apresentamos a seguir a visão dos principais analistas de Wall Street sobre a decisão do Fed e o comportamento das ações dos EUA.
Vital Knowledge:
“Várias pessoas achavam que o Fed terminaria o ciclo de alta em 5,25% ou 5,5%, portanto o fato de que o banco central tenha decidido pela primeira opção é bastante significativo. A política monetária dos EUA está claramente em uma nova fase e, ainda que mais aumentos de juros sejam necessários, o óbice para esse movimento é muito maior do que antes. Ainda há mais aperto pela frente (inclusive um aumento de 25 pontos-base do BCE em 5/4 e do BOE em 5/11), mas a política monetária global está em um ponto de inflexão crítico.”
Goldman Sachs:
“Consideramos que a decisão deste mês do Fomc é consistente com a nossa visão de que haverá uma pausa no aperto em junho. É preciso admitir, no entanto, que o anúncio não sinalizou nesse sentido de forma tão veemente quanto esperávamos... Mas deve ter sido bastante difícil elaborar um anúncio que fosse aceitável para todos, diante da amplitude de visões a respeito da trajetória apropriada da política monetária daqui para frente. Diante disso, não nos surpreende o fato de que o Fomc tenha decidido dizer menos”.
Bank of America: “
Acreditamos que o Fed atingiu a taxa terminal do atual ciclo de aperto, com a ressalva de que ainda há dois relatórios de emprego e de inflação antes da reunião de junho... Caso o estresse bancário regional se estabilize, os mercados de trabalho permaneçam restritos e a inflação se mantenha elevada, pode ser que seja apropriado elevar os juros em junho.”
Morgan Stanley:
“Agora que a faixa de juros atingiu o pico projetado pelo Fed de 5,00% a 5,25%, nossa expectativa é que o banco central entre em modo de espera antes de fazer o primeiro corte de juros de 25 pontos-base em março de 2024. Assim como o Fed, consideramos que os efeitos dos estresses bancários na economia são bastante incertos e ajustaremos nossas expectativas para a economia e a política monetária com base nos próximos dados.”
Barclays:
“Nossa expectativa é que o Fomc mantenha a faixa-alvo dos Fed Funds em 5,00-5,25% pelo resto do ano.”
SoFi:
“Embora o anúncio do Fed não tenha trazido grandes surpresas, houve uma mudança considerável que fez muitos acreditarem com mais convicção de que entramos na parte do programa em que os juros serão mantidos em patamar mais elevado por mais tempo”.