Existe um ditado no mercado: caso você queira visualizar o futuro da política monetária pelos bancos centrais, é só olhar para o Japão, segundo Michael Every, head de Financial Markets Research Asia-Pacific do Rabobank, tendo em vista a estabilidade econômica, com juro e inflação navegando próximos a zero.
Como esperado, o governor Haruhiko Kuroda e o colegiado optaram por manter a atual política monetária, a despeito das menores projeções econômicas. Dois dos nove membros do BoJ (Bank of Japan) foram dissidentes, tendo um inclusive desejado mais flexibilização.
No entanto, assim como na Zona do Euro, a tendência é de deterioração do ambiente externo, levando a provável recuo nas exportações e na produção industrial, de acordo com o Rabobank. “Na essência, a economia japonesa está sentindo a desaceleração global como resultado do Brexit, do protecionismo e da desaceleração na China”, afirma Every.
Por outro lado, o BoJ acredita em retomada da economia japonesa, pela força dinâmica interna. Diante da liturgia cautelosa de Mario Draghi, presidente do BCE (Banco Central Europeu) e de Kuroda, espera-se não aumento do juro básico em ambas as regiões.
“Bom, pelo jeito, Draghi e Kuroda aparentemente se encontram na mesma página, com Kuroda afirmando nesta manhã que “o estímulo da China é muito grande e terá impacto”, o que leva a bancar a China”, declarou o Rabobank. “Neste sentido, o Japão ainda pode mostrar aonde se encontra nosso futuro”.
Em contrapartida, segundo Every, as deliberações atuais do BoJ apontam que não existe futuro. “As dores de cabeça do BoJ (assim como as de muitos outros bancos centrais) podem estar aí pra ficar”, aponta o Rabobank, ressaltando a indecisão de Trump com a China como um dos fatores de preocupação.