SÃO PAULO (Reuters) - Distribuidores de aços planos do Brasil estimam crescimento de 10% nas vendas neste ano, após um final de 2020 marcado por forte movimento de reestocagem na cadeia gerada pelos impactos da pandemia, afirmou o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), nesta terça-feira.
Segundo a entidade, as vendas do setor em dezembro somaram 288 mil toneladas, alta de cerca de 14% na comparação com um ano antes, mas queda de 15,2% ante novembro. Para janeiro, a expectativa é de aumento de 10% no volume vendido ante dezembro.
O crescimento, porém, ainda não garante certeza de reajustes de preços da liga pelas usinas nos próximos meses, disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro, em entrevista online.
Citando a forte alta de preços de aço nos Estados Unidos, o presidente do Inda, Carlos Loureiro, afirmou "que esse preço não vai se manter é certeza, mas quanto tempo vai levar para cair cria um receio muito grande sobre como será o preço mais para frente". Os preços do aço no Brasil sofrem influência das cotações internacionais.
Essa incerteza, faz com que os distribuidores nacionais tenham que ter "muito cuidado" para não promoverem o processo de reestocagem de aço a preços elevados para não correrem o risco de ver estes inventários perderem valor durante o ano, explicou.
Segundo Loureiro, "pode ser que tenhamos novo reajuste" (nos próximos meses), "mas vai ser difícil manter este nível de preços". Ele acrescentou que após aumentos realizados em janeiro e no final do ano passado, o chamado "prêmio" - a diferença entre o preço do aço vendido no Brasil e no exterior - ficou ao redor de 5%. "Não acredito que teremos essa enxurrada de aumentos que tivemos nos últimos meses", afirmou.
Apesar disso, o executivo afirmou que as linhas de produção das usinas siderúrgicas estão já todas ocupadas de pedidos até final de março e início de abril.
Em 2020, as vendas dos distribuidores cresceram 6,6%, para 3,62 milhões de toneladas, segundo os dados do Inda, com expansão de 9,2% de produtos zincados, que têm usos em diversos setores, incluindo construção e automotivo.
Segundo Loureiro, o consumo de aços planos registrados em dezembro pelo Instituto Aço Brasil na véspera, de alta de cerca de 28% sobre um ano antes, foi em grande parte impulsionado por movimento de recomposição de estoques. "Definitivamente, o número de planos das usinas de dezembro não foi consumo real. O Brasil definitivamente não consumiu 1 milhão de toneladas de laminados planos em dezembro."
Questionado sobre o anúncio da Ford, de que vai fechar toda a sua produção no Brasil até o final deste ano, Loureiro afirmou que o impacto no setor de aço não deve ser grande, uma vez que a demanda por veículos segue forte. "Em termos de consumo de veículos, não vejo nenhuma grande modificação no consumo de aço...O que este caso mostra, além das questões específicas da Ford, é o problema do custo Brasil."
(Por Alberto Alerigi Jr.)