Santiago (Chile), 5 jun (EFE).- O rei da Espanha, Juan Carlos I, afirmou nesta terça-feira que seu país vive, possivelmente, "o momento mais difícil da crise" que enfrenta, mas vê que "o cenário começou a melhorar" e advertiu que a Europa precisa não só de austeridade e disciplina, como também de solidariedade para salvar seu projeto político.
Em Santiago, no Chile, onde foi recebido no Palácio de la Moneda pelo presidente Sebastián Piñera para uma visita de trabalho, o monarca argumentou que o problema da Europa não é econômico, mas político, porque os investidores duvidam da vontade dos europeus de "continuar juntos" e defender sua moeda comum. Com isso, segundo Juan Carlos, a solução deve ser também política.
"A Europa precisa de austeridade e disciplina, mas a austeridade por si só não salvará a Europa", ressaltou o chefe do Estado espanhol. "É necessário, além disso, solidariedade para tornar suportáveis as cargas financeiras que hoje afligem alguns de nossos países", acrescentou.
Ainda segundo o rei, "sem solidariedade é possível que o projeto econômico europeu possa sobreviver; o que não poderá sobreviver será o projeto político europeu". O monarca destacou a necessidade de a economia espanhola crescer para gerar empregos e "manter o modelo social construído ao longo dos últimos anos".
Neste contexto, Juan Carlos citou os efeitos das turbulências econômicas sofridas pela Espanha. "É possível que estejamos no momento mais difícil da crise, no momento mais doloroso do tratamento ao qual tivemos que nos submeter e que é absolutamente necessário para recuperar a saúde perdida", declarou.
Porém, nem tudo parece tão desolador, de acordo com o monarca. Após lembrar que o governo espanhol empreendeu ajustes orçamentários "sem precedentes", reformas estruturais "de grande porte" e um saneamento do sistema financeiro "que sofreu na própria carne a dureza da crise", o rei disse que "o cenário começou a melhorar".
Para respaldar sua afirmação, Juan Carlos ressaltou que agora, na Espanha, as contas públicas "estão muito mais saneadas do que há um ano", a balança com o exterior "mais equilibrada", e que o país começou a "recuperar a competitividade perdida". EFE