Por Sonali Paul e Rashmi Ashok
(Reuters) - A mineradora Rio Tinto (LON:RIO) nomeou nesta quinta-feira o diretor financeiro da companhia, Jakob Stausholm, como seu próximo presidente-executivo, contrariando as expectativas de escolha de um candidato externo para reparar a imagem da empresa após a destruição de abrigos rochosos aborígines, considerados sagrados.
Embora legal, a destruição dos abrigos rochosos do desfiladeiro de Juukan, de 46 mil anos gerou uma grande repercussão pública e entre investidores, que acabou levando à renúncia do presidente Jean-Sebastien Jacques e de dois vices.
Stausholm, que chegou à Rio Tinto em 2018, como CFO, recebe agora a difícil tarefa de reparar relacionamentos tensos com investidores e com a comunidade aborígine, ao mesmo tempo em que reforma a mineradora para melhorar os mecanismos de supervisão.
A escolha de um candidato interno pela Rio surpreendeu a maior parte dos banqueiros e investidores, que esperavam que a empresa fosse selecionar um "outsider" para recomeçar um processo do zero.
"Essa decisão parece ser mais uma evidência de uma governança corporativa deficiente e sugere uma falta de qualquer planejamento confiável de sucessão", disse Doug McMurdo, do Fórum de Fundos de Pensão da Autoridade Local do Reino Unido, que representa 82 membros com mais de 300 bilhões de libras (408 bilhões de dólares) sob gestão.
"Isso levanta novas questões sobre a cultura corporativa da Rio Tinto nos últimos anos", afirmou, acrescentando que a escolha também mostra que houve pouca consulta do presidente do conselho da Rio, Simon Thompson, a investidores.
Para analistas do Morgan Stanley (NYSE:MS), a indicação de Stausholm pode indicar poucas mudanças na estratégia geral da empresa, mas deve minimizar o típico período de interrupção causado por transições de gestão.
(Reportagem de Rashmi Ashok, em Bengaluru, e Sonali Paul, em Sydney; reportagem adicional de Sameer Manekar, Nikhil Nainan e Zandi Shabalala)