Por Robert MacMillan e Andy Sullivan
CHARLOTTE, Estados Unidos (Reuters) - A família de um negro morto a tiros pela polícia em Charlotte, no Estado norte-americano da Carolina do Norte, divulgou nesta sexta-feira um vídeo do incidente que desencadeou três dias de protestos e continuou a exortar as autoridades a publicarem seus próprios registros da morte.
O momento em que um policial negro atira em Keith Scott, que tinha 43 anos e sete filhos, não pode ser visto na filmagem de dois minutos gravada por sua esposa, Rakeyia, que pode ser ouvida pedindo aos agentes para não abrirem fogo contra seu marido.
"Não atirem! Ele não está armado", diz ela aos policiais enquanto estes gritam para Scott "largue a arma!". Cerca de meia dúzia de disparos podem se ouvidos no vídeo divulgado na mídia norte-americana, seguido pelo grito de Rakeyia "vocês atiraram nele? É melhor que ele não esteja morto".
A morte de Scott foi a mais recente em uma longa série de tiroteios fatais de negros cometidos pela polícia dos EUA que vêm provocando um debate intenso sobre raça e justiça. Também nesta sexta-feira, um grupo de trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU) comparou as mortes aos linchamentos de negros realizados por gangues brancas nos séculos 19 e 20.
O incidente da morte de Scott levou a dois dias de tumultos na maior cidade da Carolina do Norte, e os manifestantes rejeitaram a alegação dos policiais de que Scott segurava uma arma.
O chefe de Polícia de Charlotte-Mecklenberg, Kerr Putney, disse que o vídeo feito pelas câmeras corporais dos policiais sustenta a versão dos eventos da corporação, mas se recuou a liberar a imagens ao público. Ele disse aos repórteres nesta sexta-feira que divulgar o vídeo agora poderia atrapalhar a investigação do tiroteio, que está nas mãos do Estado.
"Sei que a expectativa é que essa filmagem em vídeo possa ser uma panaceia, e posso lhes dizer que não é esse o caso", afirmou Putney, acrescentando que mais adiante irá concordar com sua exibição. "É uma questão de momento e uma questão de sequência."